terça-feira, 10 de março de 2015

Naquela tarde

Na tarde que a rainha da Inglaterra desfilou no seu roll royce e tirou os sapatos para massagear um pé no outro, no litoral brasileiro um estrangeiro olhava um atlas como se quisesse outra geografia.
Naquela tarde tinha um casaco sobre uma poltrona, era seu, mesmo que nessa cidade não precisássemos de casacos. Você me criticava porque queimava minhas dez agendas confessionais, contou sobre os diários de Sylvia Plath que Ted Hughes havia rasgado.
Fez-se um silêncio que você não foi capaz de romper, por isso, na tarde daquele dia, mostrei meu braço recém tatuado, falei de Paris com seus cafés e dos amores que deixei em repouso. Coloquei um disco de Patti Smith e você disse que não gostava do seu visual andrógino, mas queria fotografar como Robert Mapplethorpe e ficou estourando o plástico bolha que envolvia os livros que tinha comprado na viagem.
Daquela longínqua tarde que tinha uma rainha, um atlas, Patti Smith e Sylvia Plath, restou uma sensação de quase escuro, mas continuo anotando frases nas agendas e como um argonauta ainda fabrico minhas conchas.
De você, sei que a morte rondou algumas vezes, que se tornou um monólito indecifrável. Um ponto num mapa de alguma galáxia desconhecida.
(by, fra

nck)
(imagem: net)

Um comentário:

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

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São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...