sábado, 29 de janeiro de 2011

Ontem...


Ontem quis exageros. Gestos largos. Frases inesquecíveis. Abraços desesperados. Ontem quis atravessar a cidade de olhos fechados. Almas expostas às cicatrizes do mundo. Uma alegria animal. Uma causa perdida. Ontem quis vinho tinto olhando um mar de verão. Copos caindo no chão. Vozes amigas. Quem soubesse da minha sede. Quem percebesse minha montanha russa. Ontem quis canções cheias de tristezas. Precipícios. A urgência de um beijo. Ontem, eu quis... Mas foi ontem...


(by, franck)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mas ainda há música!


Durante uma semana rimos na mesma cama. Dormimos na mesma cama. Durante uma semana ele me fez acreditar que era o francês mais nordestino que eu conhecia com sua leveza de alma. No vento dos seus cabelos. No verde dos seus olhos. Com os momentos em preto e branco. Durante uma semana ficamos acordados na mesma cama e ele me disse ser filho de um pássaro quando enterrei os dedos nos cabelos dele como se fosse encontrar peixes. A torre Eiffel. O rio Sena. Labirintos. Durante uma semana tivemos tempo para cachaça e vinho e amigos e música alta. O girassol secou. Os grãos, todos, viraram pães e massas e tortas. Durante uma semana ele foi uma caixinha de ferro antiga de uma feira de antiguidade qualquer que guardei segredos e poemas e fósseis e marcas. Durante uma semana ele foi um encaixe perfeito na minha cama com seus amores formando e sua paisagem humana delirante. Não sei quantas semanas depois ele é como um barulho que vai sumindo ao longe e não se sabe precisar o momento exato em que se deixa de escutá-lo. Mas ainda há música.


(by, franck)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sem mapas ou guias...


Dias que passam lentamente. Dias que passam rápido demais. Passo entre eles. Chuvas. Um filme nacional no cinema. Um corte horrível de cabelo. Na tevê notícias tristes. Um amigo que chega com uma notícia alegre. Entradas para show de Adriana Calcanhoto. Na madrugada, uma cama grande com um cobertor azul que me acolhe nas noites mal dormidas. Uma visita ao diagramador. Um copo vermelho que quebra da mão da diarista. Há outros inúmeros acontecimentos no mundo a todo instante. Mas, aqui, uma canção no rádio do carro. Uma revista de decoração no sofá. Um livro de poemas, inacabado. Uma viagem programada para fevereiro, nas férias. Sem mapas ou guias. Sopa com amigos numa sexta-feira. Seguimos em todas as direções e em nenhuma em particular. Enquanto isso, o mar e suas ondas. Seus moluscos. Os pombos sobrevoando minha rua. Pombos brancos. A cidade cinza. O mar azul e seus moluscos. Eu entre os dias. Rápidos ou lentos...

(by, franck)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Eu


Eu, que ando afetivamente em calamidade, transformando qualquer encontro casual em 'Império dos Sentidos'; Eu que ando com sede de amor, acima de tudo, ou talvez com a mesma desesperada intensidade, procuro alguém com quem compartilhar meu mundo, meu Wallace Stevens, poeta recém-descoberto; Eu, que fico patético às 4, 5 horas da manhã quando vejo que a noite se foi e eu permaneci só...
(by, franck)

"As mulheres compreendem isto/não se é Duquesa a cem metros de uma carruagem/Estes, então, são retratos: uma antecâmera preta/uma cama alta protegida por cortinas".
(Wallace Stevens: 'Sou o que me rodeia')

domingo, 9 de janeiro de 2011

Longe é um lugar que existe, sim!


Você me escreve e diz que longe é um lugar que não existe. Longe é um lugar que existe, sim! Dizer que 'longe' não existe é coisa de Fernão Capelo Gaivota, que (você me desculpe se não pensar assim) não tem poesia alguma, não da BOA poesia (que é a única possível). Se o longe não existisse não haveria nossas cartas, não haveria a dor da distância (espaço e tempo) dos que nos foram caros, inclusive nós! Sua carta me fez recordar de nossas despedidas no ponto de ônibus naquelas noites frias e de nossa 'amorizade' nos amassos naquele saguão do prédio da Rego Freitas. Em sã consciência, podemos dizer que ainda somos os mesmos?

(by, franck)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Escreva-me...


Escreva-me em letras garrafais para caber nos muros, em algum out-door, numa asa delta. Escreva a saudade. O tempo que passa. O desejo. Escreva-me em letras miúdas para caber nas mãos. Entre os dentes. Na agenda. Escreva a sensação de tristeza. De dor no coração. Dos fins de tarde sem nós. Escreva-me, a letra não precisa ser grande ou miúda, apenas do tamanho exato de nomear as sensações. Instantes. O peso entre a alma e a boca. Para que eu possa resgatar o meu pedaço que se perdeu em você. Ou vice-versa.


(by, franck)

sábado, 1 de janeiro de 2011

É o tempo que manda


Estive numa praia quase deserta chamada Mangue Seco, hoje, de manhã, quase madrugada ainda, na Ilha onde moro. No mar joguei sete rosas brancas e sete moedas do mesmo valor e fitas azul e amarelo e rosa e branco e verde. Ao sagrado. A Deus. A Oxum. A Iemanjá. A toda a espiritualidade!
Voltei para casa energizado neste primeiro dia do novo ano, cheirando a mar. Fiquei pensando no tempo que passa e no que me contaram: que os marinheiros, os pescadores, não levam para o mar imagens de ilhas paradisíacas e nem agêndas para marcar os dias, a vida... Será? Apenas é o tempo que manda!

(by, franck)
(foto: franck)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...