terça-feira, 30 de setembro de 2014

Inveja

Invejo você que não precisa acordar às seis da manhã e ainda vai a estreia de um filme na sessão da tarde.
Invejo você que vai à praia de manhã num dia útil e encontra tempo para ir à noite numa exposição, vernissage, festa beneficente ou um lançamento qualquer.
Invejo você que entra numa livraria e compra todos os cds e livros de prosa, poesia, biografia, suspense, romance e infantil.
Invejo você que não perde um show musical, espetáculo teatral ou circense, humorístico, palestra e desfiles de modas.
Invejo você que passou as últimas férias na Europa, numa casa de praia ou se refugiou no campo ou nas montanhas.
Invejo você que faz bronzeamento artificial, não pega ônibus numa tarde de uma cidade dos trópicos,
porque está num carro com ar refrigerado.
Invejo você que não trabalha oito horas por dia; pode ir ao shooping, restaurante, médico, dentista e outros compromissos a qualquer momento.
Invejo você, mas invejaria ainda mais, se você desse suas pérolas aos mendigos.
(by, franck)
(imagem: net)

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Meus cabelos agora são orquídeas


Na varanda repleta de plantas domésticas e marcadas por ecléticas notas de cores
é manhã.
Ele corta meu cabelo
mas não me protege das rugas e dos cabelos brancos.
Ele tem uma barba espessa negra e meus olhos brincam sobre o seu corpo
invento um cavaleiro medieval, ágil e jovem corpo
que come rosas e bebe nuvens e galopa à beira-mar
pisa em uvas.
Na contagem regressiva do dia
dentro das tristezas da tarde, conto com ele
para pedirmos delivery e ouvirmos Los Hermanos.
Nenhum cinema, parque na praça do bairro ou algum bar na praia.
Entediados, nos contentamos com futebol na televisão e algum outro programa dominicial
parecemos um velho casal.
Na varanda, a noite encontra meus cabelos cortados que ainda jaz no chão
agora são orquídeas entre as outras plantas.
(by, franck)
(imagem: franck)

As cebolas viraram minha nova paixão

Adquirir um gosto tardio por cebolas. Cebolas na manteiga. Bife acebolado. Cebolas na salada. Consigo agora gostar do cheiro exalando pela casa e do acre sabor delas. 
Aprendi a gostar de cebolas, um gostar que aconteceu aos pouquinhos, como num jogo de sedução. Agora quando vou as feiras, tenho prazer em olhar cebolas; como num ritual silencioso escolho cebolas lustrosas e coloridas. Esse ritual continua ao cortá-las, nem choro mais, agora entoo canções ou leio os poemas pregados com imas na geladeira. 
As cebolas viraram minha nova paixão. Comecei a planta-las, quero te-las no jardim também. 
(by, franck)
(imagem: net)

domingo, 28 de setembro de 2014

Numa tarde de chuva fina


Quis ipês floridos e vento na copa das árvores
era primavera.
No outono
vinho, viagens e poesias.
Se refugiou no campo e quis lareira, romance e um pouco de melancolia
o inverno não caia bem.
Na hora do sol se por, numa tarde de chuva fina, se afogou no mar
era verão.
(by, franck)
(imagem: net)

sábado, 20 de setembro de 2014

Ainda resta o colorido de um jardim


No mapa que carrego nas mãos, tudo é vermelho, como aquele rio que não cruzamos. Aquele filme que não assistimos.
Mas há fendas abertas. Andorinhas sobrevoando alguma tarde. Crianças brincando em parques. Uma cidade que foi nossa.
No mapa confuso da minha memória, noites impregnadas de perfumes e cheiros de ervas. Uma sala com um peixe solitário num aquário. Caixas russas pintadas à mão. Chá ao entardecer. 
No mapa em branco e preto, que se perdeu em algum baú, ainda resta o colorido do jardim com árvores em miniaturas. O suave de pérolas para orelhas. A quentura de corpos. O branco dos lençóis de linhos.
Nesses mapas, não consigo localizar aquele paraíso prometido. Nem a juventude que não mais existe.
(by, franck)
(imagem: net)

sábado, 13 de setembro de 2014

Vamos dançar?

Mesmo que a solidão more nas nossas piruetas.
Mesmo que o musgo fique eternizado sob nossos pés. 
Mesmo que nossos gestos não sejam de bailarinos.
Vamos dançar as canções que fizeram para nós? 
(by, franck)
(imagem: net)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...