quinta-feira, 21 de julho de 2011

Uma manhã de julho



Ele encontrava-se numa daquelas manhãs que a solidão quer chegar de mansinho e para afastá-la liga-se a televisão, abre portas e janelas, coloca uma música... Sim, para se ter a sensação de não estar sozinho. Guarda-se a angústia no bolso e busca o céu azul, o dia luminoso, os livros e os cds, telefona-se para alguém ao acaso e o dia não naufraga como algum outro nos quais os traumas, os medos e os choros vieram à tona.

Era uma daquelas manhãs que ele não queria pensamentos confusos; queria a beleza do dia, talvez algum toque, um olhar, momentos que depois não virasse poeira... Se sentia como naquele conto de Caio Fernando Abreu: 'num deserto de almas também desertas', por isso, ouviria Loreena Mckennitt, acenderia incenso, fumaria um cigarro, faria chá, colocaria seus cristais ao sol, escreveria cartas... Mas a solidão não seria sua amiga naquela manhã.

O silêncio da casa foi invadido por sons de gaita, harpa, flauta e bodhran, a voz de Loreena o fez pensar em brisa, outono, alvorada, bosques... A música Celta tinha esse poder de fazê-lo sentir a natureza, o que, inclusive, eles mais respeitavam. Enquanto ele divagava, a campainha da porta soou interrompendo sua manhã, sua música, seu cigarro...

Na porta estava uma moça magra, mignon, óculos redondos realçando seus olhos azuis, num vestido colorido e com muitos colares, uma moça nem bonita e nem feia, naquela manhã, na sua porta. Ela se desculpou por estar ali, disse que morava no bairro, ouviu a música tocar longe e veio em busca daqueles sons, da pessoa que ouvia Loreena, algo inusitado para ela, ali, naquela manhã.

'Uma alma deserta reconhece de imediato a outra', ele pensou. A convidou para o chá, para o aconhengo de sua casa, para dividir com ele aquela manhã. E, aquele dois ficaram ali, ocupando o coração e a alma... Se iria virar poeira, se iria virar nada aquela manhã de julho, não saberiam...




(by, franck)

(imagem: internet)

19 comentários:

  1. olá e ai como vai?
    Lindo texto parceiro.

    Queria conhecer alguém assim....pra iluminar as minhas manhãs de julho.....

    abração e tudo de bom
    ..........................
    www.rimasdopreto.com

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  2. Ufa! Me deu um nó e nem virei poeira... Gosto dessa coisa, dessa...

    Que o seu coração seja sempre ocupado de sentimentos e textos lindos como esse.
    Bjos.

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  3. meu bem, que saudade de te ler. sabe o q mais me tocou? é que tbm busco momentos que depois ñ virem poeira...
    mas o q mais encontro é pó e nessa hora minha alergia ataca!rsrs
    a gente tem q rir até das coisas tristes, me disse certo alguém uma certa vez...
    estou tentando e rindo tbm do trágico que é pra poder reagir! espero q vc esteja bem.
    morro de saudades e aquela história tá de pé, se vc ñ lembra qual é, da proxima vez q vc entrar no msn te relembro.
    ah! tenho um novo e-mail : perolajm@hotmail.com.br, me add tá?
    bjos
    fique c Deus
    Rita

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  4. É tão fácil vencer a solidão!

    Beijos!

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  5. É verdade... uma alma deserta reconhece de imediato a outra. Mas que alma deserta é a sua, meu amigo, que produz textos intensos, densos de beleza e doçura, textos que desvendam segredos de outras almas e revelam sentimentos que carregam sois e luas, manhãs, estrelas e céus abertos.
    Adoro ler teus textos.
    SAUDADES DE VC.
    Beijokas.

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  6. Franck meu querido!

    Tão bom poder ter as manhãs de Julho assim.
    As manhãs, as tardes, as noites...
    Se vai virar poeira? Dizem que o destino a Deus pertence!
    Tem que viver os momentos.

    Tava com saudadeeeeeeee dos seus textos, das nossas conversas.
    Franck, se tem uma coisa que sinto por ti, é amor.

    Amor de amigo, e você sabe o quanto você é meu amigo, e o melhor: Você também assim me considera.

    Um beijooooooo e não esquece:

    "Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração eu sigo"

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  7. Ei Franck!
    É muito bom quando uma alma reconhece a outra, pelo menos elas não mais estarão sós.
    Bom fim de semana.
    Gd Beijo

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  8. Manhã c/boa leitura - cm agora, aqui...
    Ja sinto o gosto de um bom chá.

    bj
    saudades daqui
    =)

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  9. Olha, me emocionou.
    Por vezes tenho essa vontade, sabia?
    De dividir alguns momentos com gente que eu não conheça,a mas que simpatizo. Gostaria de dizer um, oi, aceita um café e uma poesia? Mas no fim tenho vergonha.

    Eu gostaria de dividir minhas canções bregas.

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  10. Estava com muitas saudades de seus textos.
    Sabe a vontade que tenho de te visitar.
    Tomar chá, fumar, comer arroz cuxá...
    Boa semana Franck.
    Beijos

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  11. É tão incerto, não? Reconheço bem esses sentimentos.. Muito bom te ler.

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  12. Senti cheiro de amor não de poeira.
    Beijos

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  13. "Se sentia como naquele conto de Caio Fernando Abreu: 'num deserto de almas também desertas', por isso, ouviria Loreena Mckennitt, acenderia incenso, fumaria um cigarro, faria chá, colocaria seus cristais ao sol, escreveria cartas... Mas a solidão não seria sua amiga naquela manhã"

    já fui assim. em algum momento, em algum verbo perdido, no meio dessa existência caótica... em meu universo já existiu este eu.

    um abraço. bem apertado.

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  15. Saudades deste cantinho gostoso,amigo!
    Ô coisa boa...
    bjos meus

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  16. Sempre um ambiente inesperado, numa situação cotidiana com o desdobramento emocional peculiar de seu ritmo escritor.

    Incrivel e louvavel.

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  17. Você conseguiu puxar meus lábios, formando um sorriso lindo ao final do texto.
    Adorei. Seguirei.

    Beijo!

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  18. Sabe, Franck!Acho que temos essa mania de nos preocupar demais com o futuro,com o que talvez nunca aconteça e acabamos não vivendo o hoje o aqui e o agora, ficamos sofrendo por algo que talvez nunca aconteça...Mas eu te entendo porque sou assim,por isso Deus me pôs uma pessoa na caminha que me tive que aprender na "marra" a viver um dia de cada vez, sem grandes expectativas, sem muitos sonhos e ilusões,não é fácil é uma lição muito difícil de aprender, ainda mais quando se ama.
    Beijos

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(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

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