segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um pequeno reino histórico e verde...




(Para Camila Aranha)


Precisava de uma viagem como quem precisa ir urgente a um banheiro. Ela aconteceu, rumo a Pirenópolis, em Góias. Viajar e sentir uma mudança excruciante nas placas tectônicas do meu cérebro, foi o que pensei.

A cidade ali: com seu casario de portas e janelas, seus lampiões, os casais nas suas ruas estreitas, as velas bruxeleantes sobre as mesas dos bares e restaurantes, as risadas, os vendedores, as lojinhas coloridas de artesanatos, a praça com sua feira... Independentemente da minha presença. Das nossas presenças. As montanhas em volta da cidade. A neblina pela manhã. As cachoeiras. As fazendas. Os passeios a pé. Um museu. Um vinho. Os sabores. O luar. Redescubro o meio rural e me pergunto como seria viver em Pirenópolis com sua sedução da alvorada e crepúsculos. Viver num pequeno reino histórico e verde... Eu que tenho uma preferência por bicicletas, a fantasia por tomates que fossem plantados no quintal dos fundos ou na frente da casa, amigos que aparecesessem para visitar sem avisar e que poderiam ficar quanto tempo quisessem... Como tenho a fantasia também de uma vida dramática!

Mas deu-se o que se chama de 'melancólia do viajante', o fato de que a maioria daqueles que amamos não faz a menor ideia de onde estamos, de que nossa ausência entre eles não é notada. E fica as perguntas: Quem somos e onde estamos quando não somos ninguém? O que é gratificante? O que nos esgota? O que somos lá? O que dá cá? O que nos inunda de felicidade? Viajar pode ser prazeroso e perigoso, como viver, como avisou Guimarães Rosa. Só sei que um punhado de momentos nos acompanharão a vida inteira.

E, aqui, nesta outra cidade, vejo nesta noite de domingo riscarem o céu, cinco, seis, sete estrelas, estendo a mão para pegar uma, e, mandar para Camila Aranha no Rio de Janeiro ou em Belém?



(by, franck - imagem: franck)








(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

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