terça-feira, 31 de agosto de 2010

moça, olha só o que eu te escrevi


Queria te dizer umas coisas:

Pensei muito em você esses dias, um pensamento forte e claro: saudade. Era tão claro que podia ver na clareza toda os melhores momentos na tua companhia. Momentos que não são como um prato de doce enjoativo que você empurra e aaaah! não quero mais. Eram daqueles momentos que a gente escreve numa folha de caderno com giz de cera colorido e pendura na parede do coração pra nunca esquecer. Ficar ali guardadinho.
Está.
Queria tomar uma cerveja com você hoje. Fazer dengo, eu gosto disso e a gente sabe, sabe bem. Conversar sobre coisas diversas e cair no mesmo assunto: amor. Falar de mãos. De pés. De bocas também. Falar de corpos. De almas – principalmente. Falar de você, de como você acordou indisposta pela noite mal dormida, ou pela ressaca com gosto de luxúria na boca traduzida em hálito de cerveja. Toparia ouvir até o seu silêncio e compartilhar dele. Os dois mudos conversando com os olhos. Os seus oblíquos como os da mocinha Capitu, e os meus caídos sempre com sono. Toparia tantas coisas. Toparia esquecer o desentendimento. Deixar de lado a minha carência e ressaltar a tua.
A nossa, justiça!
Queria arrumar essa baderna aqui dentro, só que eu fico achando que a baderna é charme, mas não é. É só o encontro: o meu de mãos dadas comigo, e acredito que não há maior infidelidade com você próprio que autotraição. Não vou fingir – mas devia. Não vou chorar – mentira. Não vou brigar – é preciso. Cansei de você – foram só cinco minutos. Ainda te amo.
Igual. Igual sempre.
Me perdoe os excessos e a falta deles. Me sorria de vez enquando. Me visite. Acaricie a minha mão. Cante um Roberto Carlos. Mas faça alguma coisa para acalmar esse meu coraçãozinho brega.
Cafuné.

(by, andré)

PS:(Texto de André Fabrício, do blog 'Escanfrado', o qual autorizou postagem, e, para conhecê-lo, acesse: http:/euprecisavafalar.blogspot.com)





segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Qual o seu luxo?

...-"O que você pensa sobre o luxo, Richard?
-Não anseio por ele, se é o que quer saber.
-Na minha opinião, o luxo é a satisfação total e simultânea dos cinco sentidos. Estou aquecida e, se quiser, posso estender a mão e tocar a sua. Sinto o cheiro do mar e também que, dentro do hotel, alguém está fritando cebolas. Um aroma delicioso. Estou saboreando cerveja gelada e posso ouvir as gaivotas, a água batendo e o motor do barco de pesca fazendo tchuc-tchuc-tchuc, de uma forma extremamente agradável.
-E o que vê?
Ela virou a cabeça para fitá-lo, sentado ali, sentado ali com os cabelos em desalinho, usando a velha suéter e o casaco de tweed, com reforços de couro nos cotovelos e cheiro de turfa.
-Vejo você - Ele sorriu - Agora é a sua vez. Me diga qual é o seu luxo.
Ele ficou calado, penetrando o espírito do jogo, refletindo.
-Acho que talvez seja o contraste -disse-lhe por fim - Montanha e o frio cortante da neve, tudo cintilando sob um céu azul e um sol infernal. Ou estar deitado de costas, em uma rocha quente, sabendo que, a qualquer momento, quando o calor ficar insuportável, o mar profundo e frio está a apenas um metro de distância, esperando que eu mergulhe.
-E o que me diz de voltar para casa em um dia enregelante e chuvoso, sentindo frio até os ossos e poder mergulhar em uma banheira cheia de água morna?
-É uma boa pedida. Ou passar um dia em Silverstone, ensurdecido pelos carros de corridas e então, a caminho de casa, parar em alguma vasta catedral, incrivelmente bela, e entrar, apenas para ouvir o silêncio.
-Que horrível seria, ansiar por casacos de pele, Rolls-Royces e esmeraldas, tão enormes quanto vulgares. Porque de uma coisa tenho certeza: assim que possuíssemos tais artigos, eles se tornariam insignificantes, apenas por serem nossos. Então, não os quereríamos mais, não saberíamos o que fazer com eles.
-Seria uma espécie errada de luxo, sugerir que almocemos aqui?
-Não, seria maravilhoso. Eu me perguntava quando você iria fazer a sugestão. Podemos comer cebolas fritas. Esta última meia hora me deixou com água na boca."
............................................................................................................
(Diálogo de Penelope e Richard em 'Os Catadores de Conchas', Rosamunde Pilcher, Páginas 302, 303- Edt Bertrand Brasil)

PS: Obrigado Suzana, por me apresentar a saga de Penelope!

domingo, 29 de agosto de 2010

Pós-Tudo


Nada pode tudo
Tudo pode nada
Nada tudo pode
Pode nada tudo
Pode tudo nada
Não há de ser nada
Se tudo for tudo
E é.
(by, franck)

sábado, 28 de agosto de 2010

Uma tigresa, uma noite e Nara Leão...


(Para Rita )

Ok, baby, não vou mais chamá-la de Rita, Joana ou outro nome próprio qualquer, você agora é a minha Obscura Senhora P, eu serei seu casanova, seu sedutor, mas não me chame também de Caio, sim, eu sei, atravessamos agosto sem flores amarelas, estamos à beira deste mar aberto, nesta noite, com esta lua, ouvindo Nara Leão... Não, baby, não me arranhe com estas unhas longas e vermelhas, ah, você quer ser minha tigresa, a fadinha lésbica Filó, quer morar numa cidade que tenha cachoeiras para tomar banho nua com seus cães em tardes quentes; ok, baby, mas deixa eu ler este seu diário rosa, suas fantasias sexuais e sonhos eróticos e seus devaneios... Baby, vamos para o bar? Vista sua roupa, está fazendo frio; sim, sim, já vi sua tatuagem, é uma borboleta, ah, você quer um jardim cheio de borboletas, uma casa com varanda, viajar à Indía, tomar ópio, esquiar, escalar montanhas... Se eu não quero ir com você? Quem sabe, baby, mas vamos para casa? Hum... você não quer casa, chá, café forte, banho morno, cama... quer é esta noite, esta lua, este mar, Nara Leão cantando, beber mais um pouco, ser minha dama da noite nas areias desta praia; Ok, baby, podemos realizar todos os seus delíros outro dia, outra noite, quando você será a Obscura Senhora P, dama da noite, tigresa, fadinha Filó... Teremos órgasmos múltiplos, sexo e coração selvagem, mas hoje não, a praia está deserta, pode ser perigoso, você bebeu e fumou demais e estou cansado, com sono e acordo cedo amanhã, ou hoje, sei lá... Ah, sou um sedutor de araque? Eu sei, baby, você que fez uma imagem de mim, porque li e falei tanto de Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Hilda Histl, Fernando Pessoa, Anais Nin, Quintana... Escrevi e li poemas para você à luz de velas e vinho, toquei Roberto Carlos no violão... Sou romântico, baby, mas você é mais do que isso, você é a minha Obscura Senhora P, minha tigresa, minha dama da noite, minha fadinha Filó...

(by, franck)
PS: Imagem enviada pela Obscura Senhora P...

Bananeiras, um rio e um cavalo...

Tem um tempo que tinha uma estrada de terra.
Um rio de águas claras.
Cavalos indo nessa estrada e atravessando o rio.
Meu avô dentro de uma loja. Minha avó na cozinha. Minha mãe lendo numa varanda.
Tinha um junho.
Conversas num começo de noite na calçada.
Tinha fogueiras nas ruas. Simpatias para as tias.
Tinha um lobisomem que nunca se via. Latidos de cães. Quartos escuros e uma certa solidão.
Tinha banhos de rio. Bananeiras no quintal.
Tinha outros primos. Tios num curral.
Leite fresco de manhã. Cheiros vindo de um matagal.
Tinha pôr-do-sol no rio de águas claras. Luar de sertão.
Tinha uns violões, meu avô cantando Luiz Gonzaga.
Tinha pés descalços. Frutas em árvores e na cozinha. Um vento num canavial.
Tinha um bumba-meu-boi, Catirina, uma moça que queria a língua do boi.
Tinha eu, menino, nesse junho, vindo nessa estrada de terra, num cavalo, atravessando o rio.
Tinha tantas memórias, as quais em agosto não lembro mais.

(by, franck)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma história quase verde


Após quatro ou cinco dias de letargia no escuro do quarto, convalescendo daquele vírus que atingiu seus olhos que viram sensibilidades, sua boca que disse poemas em brasa e seus nervos manchados de fumo e café; ele, cambaleante como um bêbado ou como quem estivesse num navio com tempestade em alto mar, foi tateando as paredes da casa até a varanda; antes ligou o som e a voz de Ana Carolina invadiu aquele final de tarde, aquela penumbra, 'eu voltei por entre as flores na estrada', e ele aspirando o ar salitrado, cansado, trêmulo, deitou-se na rede outrora amarelo ouro, agora de um amarelo desbotado, naquela rede antiga, sempre ali, na varanda, suspensa, esperando tardes preguiçosas de leituras, sono ou contemplação...
Enquanto isto, ela chegava em casa, na casa dela, na cidade dela, naquele início de noite e ligava o som e ouvia, também, Ana Carolina, 'eu voltei por entre as flores na estrada', aquela música que tinha sido a trilha sonora deles naquele agosto; e ela queria novamente o mar dele, de novo aquele bronzeado na pele que estava perdendo com o urbano da cidade dela; outra vez aquela rede e eles ouvindo Ana Carolina, fragmentos de textos e poemas, ora na voz dele, ora na voz dela, às vezes nas vozes deles. Ela queria o agosto que atravessaram sem flores amarelas, com mel e girassóis, naquela praia à beira do sanga...
Ele vislumbrou da sua rede na varanda da casa um pedaço da lua, naquele fim de tarde, e pensou em escrever um poema para ela. Ela, num quarto escuro, na casa dela, na cidade dela, olhando a tela azul do seu computador, querendo mandar para ele rosas, bicicleta e estrelas virtuais, mas no seu computador tinha um vírus, enquanto o vírus do corpo e alma e do coração dele, agonizava.
Ele telefonou para ela, leu este texto, ela chorou e disse com voz embargada de emoção que ele fosse ao encontro dela, que ele chamasse, escrevesse, que tinha espaço na sua casa e no coração para ele, sempre. Os dois ficaram ali, naquele começo de noite, ouvindo a respiração um do outro, pelo telefone. Ela querendo um punhado de estrelas maduras, ele querendo o verbo viver, os dois querendo aquela noite de um outro mês, só para eles.

(by, franck)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A V I S O

Quero parafrasear Caio Fernando Abreu e dizer que meu blog tem como tema o amor: amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura... Num dos primeiros posts disse que se alguém estivesse com a sensibilidade à flor da pele, não me responsabilizaria pelos efeitos colaterais após a leitura, mas, o feitiço virou contra o feiticeiro, fiquei doente dos olhos, da boca e dos nervos, até! Quando me curar, voltarei!



(by, franck)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

(Achados & Perdidos)

As cartas envelhecem como as pessoas, ou os vinhos. Tenho várias cartas na minha casa, envelhecidas não sei de que forma, pois já há tempo não as vejo, mas que, eventualmente, reencontro e envio para você decidir se as degusta ou se apieda delas. Ou ambos.
Mas porque esse assunto agora? Porque pensei em te escrever, e pensei: porque se escreve uma carta para alguém? Ou deveria dizer para um determinado alguém, já que alguém dificilmente são iguais? Mas decidi agora: não penso mais nada. Escolho aqui do meu (que em poucos sentidos realmente me pertence) livro do Fernando Pessoa uma citação para estremear esta cartinha. Eis: "O pastor amoroso perdeu o cajado/e as ovelhas tresmelharam-se pela encosta/e, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar/Ninguém lhe apareceu ou desapareceu/nunca mais encontrou o cajado/outros praguejaram contra ele/recolheram-lhe as ovelhas/ninguém o tinha amado, afinal". (O pastor Amoroso)
Não sei porque cargas d'água (bonita expressão) queria esta carta carregada, melhor, recheada de citações. Mas o acaso - ou o destino - encarregou-se de dizer pelas letras de Fernando Pessoa aquilo que eu queria te dizer, ou não? Bem, chega destes brinquedos de decifrar, isso me lembrou aquela pessoa de Recife, lembras? Ele falou uma vez que nós estavámos 'brincando de seduzir'. Nunca mais falei com ele, ele tinha se apaixonado por mim, quase nos encontramos em Pirinópolis, mas ele disse que o telefone estava sempre ocupado (num email desesperado, sem pontuação, num fluxo meio joyceano ou pretensamente tal).
E as coisas aqui, como estão? Em processo, é o melhor que digo. A casa, meus empregos, eu, tudo em processo. Estive doente, quinze dias de licença que foram bons, para mim, ajudar-me a enxergar mais e melhor alguns dos meus processos, e, não é pela dor ou pelo sofrimento, é como se desobstruisse alguma coisa interior. Uma coisa bonita, precisa ver. Eu gostaria mesmo é saber de você, como andam suas coisas, em processo? Ou em estagnação? Quais são suas palavras para mim? São para mim, para quê? Olhos, ouvidos, boca, mente, coração? Sexo? Ele anda fiel a mim, por falar nele, lembrei dos nossos longos beijos de despedidas, onde você quase me engolia, naquele saguão meio às escuras, parece coisa de filme, lembrando assim, hoje.
Mas o que eu quero saber é de você. Diga assim que puder. O teatro? (vi você na tevê). Sua viagem? Seus dias? Suas noites?... Em alto e bom som, diga assim que puder. Beijos.

(by, franck)

sábado, 21 de agosto de 2010

Quem quer um coração?!


Dei um tiro no meu coração. Matei-o dentro desta noite chuvosa, quase madrugada, após ter me encharcado de álcool, saudade, lágrima e amor não correspondido. Agora meu coração jaz no ladrilho da cozinha, entre panelas, lixo, garrafas, copos e talheres; ele ali exposto, vermelho, inútil e inerte. Matei-o com um estampido suave, coloquei silenciador, ele nem gritou, pego de surpresa, mas o expurguei de mim, este coração, quando, quase louco, bêbado de álcool e saudade e tristeza e lágrima e solidão, lembrei-me desta arma na gaveta do criado-mudo, para momentos como este, matar corações sofredores. Claro, antes analisei as facas e adagas e punhais e canivetes, desinfetei-os, fiz tentativas vãs em certas noites, certos dias,mas este coração, bandido, pressentia, me enganava com mimos, momentos, poemas, promessas, dias quase felizes.
Não vou chorar a morte do meu coração, quero é interrá-lo logo, de manhã bem cedinho em alguma curva, algum jardim, ou melhor, darei meu coração ao primeiro que aparecer, que queira-o, para usar e abusar, porque esse coração está morto, sem emoções, ateu. Tenho um coração que é uma falésia, agora. Um coração oco. Abissal. Uma rocha.

(by, franck)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Eu. Você. Eles...


Eu. Você. Eles. Dentro de um bar. Dentro de uma noite. Uma música tocando. Eles dançando. Eu rindo. Você rindo. Eu e você querendo vozes roucas. Aveludadas. Nina Simone. Norah Jones. Eu. Você. Eles. Dentro de um bar. Dentro de uma noite. Eles gargalhando. Uma música brega. Olhos castanhos, meus. Olhos verdes, teus. Olhos de todas as cores, deles. Meus olhos nos seus. Os seus nos meus. Um bar dentro da noite. Uma noite passando. Um copo quebrando. Cacos. Como meu coração em suas mãos. Você colando este coração, remendando, costurando, um patchwork de emoções. Eu. Você. Eles. Minhas mãos. Suas mãos. Eles se tocam. Minhas mãos nas suas. Suas mãos nas minhas. Uma outra música. Eu e você querendo Nina Simone, depois Norah Jones. Eles. Um bar dentro da noite. Uma noite passando. Eu. Você. Queremos lençóis de seda. Corpo no corpo. Eles dançando outra canção. Eu, sua boca querendo. Você querendo a minha. Uma casa na noite que passa. Um quarto. Penumbra. Taças. Vinho. Nina Simone, depois Norah Jones. Uma madrugada. Meu coração bobo nas suas mãos. Seu coração no meu. Pernas entrelaçadas. Uma manhã. Eu. Você . Sonolência. Abraços. Café na cama. Beijos. Carinhos. Fiapos das conversas deles. Coração com taquicardia, nosso. Eu. Você... e... o sol. Norah Jones, depois Nina Simone. E... e... uma manhã passando. Eu. Você. E... Nós... Eles... Um fim de semana acontecendo. Todos dentro dele... Eu... Você... E...


(by, franck)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Um casal & um relógio


No relógio da praça, doze badaladas, baby.
Paremos aqui.
A sedução e o encanto, acabaram.

(by, franck)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um céu amarelo girassol com joaninhas


"Que presentes te daria?
Uma estrela vã do firmamento pra iluminar o vão do pensamento"...
('Os presentes:' Kleber Albuquerque)


Existe uma caixa amarela cruzando os ares, os mares, mãos estrangeiras. Essa caixa é de um amarelo ouro. Gema. Girassol. Dentro dela tem um outro amarelo e dentro dele numa janela colonial tem uma moça chamada Maria do Céu, que olha o céu, que não é de diamantes, nem de Lucy, talvez de Lily. Um céu blues, não, ele é cinza e essa moça canta e quer o deserto, o rio São Francisco, Minas Gerais, Lençóis Maranhenses, uma rede, água gasosa, vinho do porto. Sob essa janela tem um pregoeiro: 'olha a laranja, menino', quem quer comprar? 'Yes, temos bananas', olha o bananeiro, e, com as frutas ele dá joaninhas de todas as cores que também coloquei nessa caixa amarela, a qual poderia também ser verde, lilás ou vermelha, mas ela é amarelo ouro. Gema. Girassol. Quis colocar ainda nessa caixa sorrisos, um anjo, um jardim, alguns segredos, um bumba-meu-boi, conchas, matracas, um cão solto na noite, mas só a moça chamada Maria do Céu na janela e as joaninhas couberam e agora repousam bêbadas nessa caixa amarela, após tanto vôo e tanta água e tanto céu. Essa caixa amarela encontra-se dentro de outra caixa, talvez de metal, lá, em algum lugar, esquecida, esperando você para resgatar a moça e as joaninhas e o amarelo ouro. Gema. Girassol.


(by, franck)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Café & cigarros e uma estação...


Ok, boy, aqui estou a esperá-lo, dentro da noite, dentro dessa outra cidade que você mora agora. Estou nesta estação, já olhei o relógio mil vezes e você não apareceu, tudo bem, sei que chove, talvez por isso o seu atraso. Viajei seis horas, estou com frio e fome, acho que comerei as frutas cristalizadas que pediste que trouxesse porque não as encontra nessa cidade. Já tomei vários cafés, fumei não sei quantos cigarros, andei nessa estação escura a esmo, no meio dessa noite, acho que madrugada, já. Vejo ao longe algumas luzes, um cão vagando, algumas pessoas sonolentas e já tentei ouvir um pouco de música, me concentrar nos 'catadores de conchas', mas desisti. E você boy, que não chega, estou com fome e frio e sono e saudades, estou com vontade de sentir seu cheiro de banho recém-tomado, sua barba mal feita, mas você não vem e nem sei como chegar a sua casa dentro dessa noite, dentro dessa chuva; meu celular descarregou, os telefones dessa estação não funcionam e quero tomar um conhaque, um chocolate, um vinho, um beijo seu, sua cama quente. Quero o amanhecer ao seu lado, vê sua casa toda branca, seus cães, seu jardim, sua paisagem que me descreveste tão bem. Você está em algum lugar desta cidade, na qual estamos os dois, ao sul do estado, não tem o mar que você tanto gosta, mas tem rios e cachoeiras, campos de soja, ar puro, melhor qualidade de vida, foi o que me dissestes que fez você voltar, ficar mais zen, que a cidade grande estava deixando-o zonzo e queria a calma de uma cidade pequena e essa cidade o proporciona tudo isso. Você partiu e fiquei me lastimando, tentando encontrá-lo naquele apartamento cheio de memórias nossas, cheio de cheiros, cores, sons e ausência sua. Mas cadê você, boy? Não ouço o barulho do seu carro, aliás, nenhum carro chegou ou saiu desta estação, e, eu aqui, com frio e fome e sono e saudades e desejo de você. Logo amanhecerá, ouço o cantar de um galo, ouço pássaros, apito de um outro trem, ou é o mesmo trem que está voltando? Ou eu que deveria voltar? E você, boy, que não chega? Estou com frio e fome e sono e saudades e desejo de você e a chuva continua e estou com uma sensação, uma quase certeza, que me abandonaste, aqui nesta noite, nesta estação, nessa cidade...

(by, franck)

domingo, 15 de agosto de 2010

Pontes e balão e tardes azuis...


Quis pular de pontes. De prédios. Derrubar paredes. Cortar os pulsos. Quis costurar as tensões. As emoções. Os sentimentos. Quis cápsulas para voar aos céus. Nas nuvens. Subir como balão. Fogo de artíficio. Quis tentativas com cores diferentes nos olhos para outros dias. Estações. Manhãs-tardes-noites. Quis outros trajes. Outros cortes de cabelo. Outros gestos. Outras cidades. Outros corpos. Quis parar o tempo. Voltar o tempo. As mesmas tardes azuis.
Mas o que ficou foi a tortura de ver-te e nunca mais te ter.

(by, franck)

Sou


Sou tartaruga. Albatroz. Joaninha. Elefante.
Porque não?
Sou flor. Cacto. Samambaia. Girassol. Ipê.
Porque não?
Sou o toque na seda. Sorvete em tarde quente. Cheiro de terra molhada. Edredon em noite fria.
Porque não?
Sou bom dia. Uma lua cheia. Calor do meio-dia. Primeiro beijo.
Porque não?
Sou uma trilha sonora de alguém. Filme em tarde de chuva. Brisa na praia.
Porque não?
Quero ser bicho. Planta. Delicadezas.
Porque não?
Mas sou um homem
Um homem quase triste
Porque sim?

(by, franck)

sábado, 14 de agosto de 2010

A fotografia


Naquela manhã você retocou o batom, olhou-se no espelho, colocou óculos escuros e pediu que eu ajustasse as lentes e o foco da câmera, visse o melhor ângulo... Seguimos o ritual e a fotografei, como fundo o mar e o azul do céu.
Mas você não apareceu na fotografia, veja, só a paisagem fotografei, aliás, captei sua alma, ela está lá no vazio, além da paisagem no azul daquela manhã, você viu?


(by, franck)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O SONHO


E o apito do navio como é? Não lembro mais...
Dei nove voltas ao redor daquela árvore. Não sou mais de Ovidah. Trouxeram-me para outro porto. Nessa cidade tão distante que dizem ter um rio que não tem peixe, nele eu quero pescar.
A árvore do esquecimento plantada pelo Rei Agadja ainda resiste ao tempo? Esta árvore não me fez esquecer as origens. Foi ele, o Rei, que plantou a árvore: um jatobá? Um ipê? Um baobá? Os frutos daqui são outros. Os sons são outros, mas em certas noites ouço rufar de tambores. Cantigas ancestrais.
Eu dei nove voltas ao redor daquela árvore, mas ela, moça negra, deu apenas sete. Cantou ciranda. Deu umbigada...
Uma noite escura. Um porão. Perdi a geografia. A rota. O prumo. As veredas. Caminho dentro de casarões. Ouço vozes. Risos. Escadas rangendo. Lá fora uma carruagem com mulas sem cabeças troteiam na madrugada. Chicotadas. Urros.
E a moça negra não quer só sete voltas ao redor da árvore. Perambula pelos desertos em lua cheia. Há um gavião. Um avião. Um navio. Água de lastro. E a moça quer de volta sua morada.
E eu naquele porto sem bússola, com um mapa antigo sem corrdenadas, gps, sem escalas, como o navio que embarquei... Não darei mais nove voltas ao redor daquela árvore, darei cinquenta, cem, mil voltas até ficar bêbado, ter labirintite, vê as estrelas, lua, terra, sol e todos os planetas girarem nas palmas das minhas mãos e ter água salgada nos pés.
No meu mapa astral, eu, vavassalo ou vassalo? Ele, Rei de Ovidah. 1727, era o ano. Eu, menino que ele foi? Não sei. Não é. Serei. Talvez.
O sonho se desfez... amanheceu!
(by, franck)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ausência


Na casa adormecida, tomo café preto para espantar o sono e ouço pela vigésima vez uma música, como se fosse um mantra, nesse fim de noite. É sempre nas madrugadas que a solidão chega, quando os cães estão silenciosos, as luzes apagadas, portas e janelas fechadas, quando estou de banho tomado e perfumado, como se fosse para esperá-lo. Olho mais uma vez a rua deserta, uma brisa balança o jambeiro em frente á casa, na esquina alguém e o meu coração dispara trezentas vezes por segundo até ter a certeza que não é você, você com aqueles seus passos curtos, mãos nos bolsos e os cabelos encaracolados esvoaçando ao vento... É assim, desde que você se foi, numa madrugada como esta, a casa silenciosa como agora, essa música que foi nossa trilha sonora e que agora ouço como se ouvindo-a você fosse chegar como se nem tivesse partido, mas você é o culpado dos meus medos agora, culpado por suas ausências, culpado da minha solidão... Você que encontro apenas na moldura da minha insônia e que tento encontrar não como uma fotografia em sépia, mas colorido como foste um dia. Por onde andas? Hoje o procurei no asfalto fumegante das avenidas sob o sol do meio dia, no vídeo-clip alucinante da cidade às seis horas da tarde, nos cálices transparentes de vodca de alguns bares que sem rumo perambulei...
Lembro de você, vivo e pulsante e o quero assim, não o viajante perdido e solitário em algum porto, mas que traga na sua babagem seus livros, seu violão, suas histórias desses sete mares, seus versos inacabados, seu último segredo. Recompensarei quem tiver e mandar-me notícias sua, como prêmio darei vários números de telefones, emails, um blog, meu silêncio lua cheia de verão, minha camiseta mais transada e a felicidade de um pôr-do-sol alaranjado, iluminando a nossa face.

(by, franck)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Chiclete & Drink

(O poema abaixo é uns rabiscos meus e de Liza Leal do blog Drink Poesia)


Te procuro
escalando escombros de uma cidade em ruínas
ontem as crianças corriam nesta praça
hoje as crianças brincam de soldado-ladrão
com armas de fogo
hoje as crianças brincam de jogar estrelas
estrelas de aço e fogo.
(by, franck)

Te acho
entre relíquias de sabores assim...
feito
a coca-cola de um ontem
lembra que as bolhas subiam
até os olhos
e no céu da boca
deliciosamente ardia!
Na bolha do chicle de bola
no parque de diversão
e o casamento perfeito
da música e dos ingressos
à mão.
Hoje vagueio pelas ruas
de um velho... novo lugar
e sou levada a um perfume
de pétalas de sonhos
guardados em folhas
de um livro de cabeceira
leitura de ninar!
(by, Liza Leal)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu e a Lua


A Lua
tão minha
provoca-me.
Quer me dá nessa noite
a solidão
tão sua.

(by, franck)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Casulo


Emaranho-me nesta teia-vida. Enfrento a aranha-dor. No casulo aprisiono-me em fios de prata. Mas ainda tenho as garras... as garras para sair! E você?!


(by, franck)

domingo, 8 de agosto de 2010

(Achados & perdidos nas gavetas)

Chove. Por dois dias as águas das chuvas caem sobre essa Ilha. São Luís como todo o Nordeste, é uma cidade sem baixas temperaturas, quente o ano todo, isso para mim é perfeito por um lado, para trabalhar, por exemplo, pois odeio acordar nas manhãs frias; e acordar para mim é não ter nenhuma atividade particular prevista quando me levantar da cama, talvez escovar primeiro os dentes, talvez resolver fumar um cigarro, ou mesmo ouvir um pouco de música. Às vezes, enfim, espreguiçar-me demoradamente sob os lençóis, pegar o telefone e ligar para alguém , escolhido ao acaso, pode ser quqlquer um, simplesmente para poder ouvir alguma voz lhe dar bom-dia. Por outro lado, se você não tem noites como esta que te escrevo, você perderia a chance de, melaconlicamente, tiritar de frio e esperar, de forma também melancólica, senão quixotesca ou borgeana (só o tempo dirá), a pessoa que viria te abrigar deste frio e que compartilharia contigo o que você tem a oferecer, no meu caso, nesta casa suja, porém dedetizada: torradas com maionese de tomates secos, biscoitos água-e-sal, chá-mate com limão e a sensação de se ser um refugiado na segunda guerra numa casa com jornais, revistas e roupas espalhadas por cama, sofá e chão, ainda que em pleno Brasil, Nordeste, São Luís, Maranhão, Vivendas do Turú, mas longínquo de você...
E eu penso em Satie, Eric Satie, o compositor francês e sua frugalidade: só quando ele morreu seus amigos descobriram onde ele morava, num quarto pequeno com uma cadeira, uma cama, uma escrivaninha e um guarda-roupas com doze ternos, chapéus e sapatos absolutamente iguais entre si. Identifico-me com Modigliani, seu amigo romeno que, com seus quadros sob o braço (não que eu seja artista), percorria as galerias de París em busca de compradores; sou um Modigliani só e por isso muitas vezes definho, muitas vezes anseio por este intermediador entre o mundo e eu, para que eu não estilhace, como o Licenciado Vidreira das 'Novelas Exemplares' de Cervantes, que se julgava de vidro e dormia entre montes de feno no inverno por ser mais seguro; terminei-o de ler estes dias, não sem sentir uma certa solidão, os livros tem sido fiéis companheiros, um pouco mais do que sempre foram.
A tevê ligada sem som e no som a voz de Zeca Baleiro, sua voz grave diz para irmos para 'Babylon', será que 'Babylon' não seja São Luís? Estou tentando ser feliz no meu cotidiano. Lamento profundamente todo o tempo que passei chorando na janela. Tenho ido ao cinema, a bucólica Alcântara, andado nas ladeiras dessa cidade, olhado o bater das ondas... enquanto o sol gira, enquanto Baleiro diz que a vida é um souvenir made-in-Hong Kong.
Você sabia que quando o universo entra em coma, os amantes ficam infelizes? As rosas tem espinhos, o amor também. E o amor são esses olhares, esses gestos, esses odores que enviamos sem poder reprimi-los, para que lembremos um do outro. Há pessoas que se atraem e ao mesmo tempo se temem, elas se percebem rapidamente no meio da multidão. Tenho lido muito sobre feng shui, encantado com as mil possibilidades de se energizar uma casa. Quero aprender tarô. Estou mais centrado. Mais introspectivo. Quero algo zen, manso e sem peso, meio auto-conhecimento.
E continua chovendo nessa cidade, como posso escrever sem o encanto do sol? Meu telefone toca. Nunca serei um escritor profissional. Talvez tenha nova inspiração, talvez os dias permaneçam iguais. Não tem importância. E a chuva parece os andamentos, as intensidades de uma sinfonia de gotas, acho um desrespeito à música das nuvens ficar escrevendo aqui e nem dar ouvidos a isto, talvez por isso a intensidade maior. Quem sabe possamos ouvir juntos esta música, breve? Se não, quando chover aí, numa noite silenciosa, essa será a nossa música, que tocará em alguma parte do mundo, e, quando em quando, para ouvidos gratos como os nossos.
(by, franck)

sábado, 7 de agosto de 2010

Admirável mundo novo tecnológico


O que me separa de você e você de mim é esta tela de computador, um mundo de bytes, velocidades por segundo, megabytes, fronteiras geográfica e virtual. Mesmo assim, você pergunta-me se sua noite não me cheira um pouco maranhense, digo que sim, quando através de sua webcam vejo sua rua iluminada e as luzes parecem estrelas decaídas, infernais. Elas não ocupam o céu, nem o seu e nem o meu, que é cinza. Ele está limpo. Mas em algum deles, palpitamos ambos, eu e você. Esse admirável mundo novo tecnológico não me atrae o suficiente e por isso quero você aqui, não através da tela de um pc, em outra cidade. Você me diz não saber se tudo dará certo, talvez nem nós encontremos, nem nós abracemos, nem vivamos juntos, mas que me ama. Aí meu coração é todas as cores, fico imaginando coisas que adoraria fazer com você, penso nos lugares os quais deveríamos ir juntos; pequenos lugares, espalhados por aqui, para dizer: aqui eu vim com... aqui nós comemos ou dançamos ou nos embriagamos... Que eu fizesse você reparar nas ruas estreitas, nas ladeiras, nas pessoas dessa cidade, que você sentisse o cheiro, os sons, as cores de um dia ao meu lado. Rimos. E você me diz que espera que possamos ficar juntos, que o mundo mude e as coisas melhorem e que um dia vejamos o alvorecer nas praias de São Luís. Que queria me beijar e que esse beijo fosse doce. Ou salgado como o mar daqui. Desligamos nossas webcans, nossos pcs, e, como está amanhecendo irei à praia, ver o alvorecer, sozinho... E você?

by, franck)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

hai-kai


O animal
que
quase
domino
é
minha
necessidade
de
não
dominá-lo.

(by, franck)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

(Leia ouvindo uma canção de amor)


Sou todo amor
no
corpo
alma
coração.
Destilo amor
na
epiderme
voz
poros.
Quero
matar e morrer
de amor
em vida.
(by, franck)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Armadilhas


Minhas asas partidas não mais alçarão vôos
vôos noturnos em busca de estrelas ou outros planetas
vôos diurnos em direção ao sol
para que ele testasse minhas asas
asas que não são de Ícaro
mas estão coladas.
Não posso voar com minhas asas cortadas
caminho a passos curtos demorados por praças e avenidas
encontro pérolas
cascalhos
paralelepípedos
diamantes
todos agora possuem o mesmo valor.
Contemplo
sem as inúteis armadilhas para capturá-los
os dragões que desfilam entre a terra e o céu
os mesmos que quebraram minhas asas.
Como eu era tolo em querer prendê-los!


(by, franck)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

'Flower não é flor'


Você me chamou para ver o sol nascendo. Era verão. Nossos olhos e corpos pesavam de sono e vinho e maconha e sexo. Era Trancoso, na Bahia. Éramos alegres, vestíamos roupas coloridas e flores nos cabelos e éramos muitos e tinha fogueiras, violões e flautas e sax. Tinha uma casa de praia que as águas do mar banhava nossos pés na varanda. Tinhamos cabelos longos, nenhuma grana e uma ousadia de sair sem lenço e sem documento. Tinha Gal Fatal no aparelho de som e Mutantes e Caetano Veloso e nossos sonhos que começavam naquela casa de praia, com aquele sol, aquela lua, com nossos desejos, nossa juventude, nossas peles bronzeadas cheirando a algas e mar e incenso. Tinha paixão e éramos felizes, apesar dos pesares. Do país.
Você me chamou para ver o sol nascendo e apenas segurei sua voz e na sua mão, mas não fui. Meus olhos e corpo pesava de sono e vinho e maconha e sexo. Foi num iníco de uma manhã de um verão longínquo e tinha depois uma tarde, um arco-íris, uma garoa caindo, um cheiro de terra molhada e você sumindo numa estrada. Tinha John Lennon dizendo que o sonho havia acabado e uma mochila verde pronta num canto da sala daquela casa de praia.
Há também outra manhã, outro verão e o mesmo sol nascendo. Mas não tenho cabelos longos, pés descalços e 'flower não é flor', o colorido das roupas agora são ternos e gravatas escuros. Não há mais sua mão. Sua voz. Mas há lembranças. Mas há o sol nascendo. E é verão.
(by, franck)


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

(Para ler ouvindo Elis Regina)


Você me ligou e disse que foi cortar os cabelos para não cortar os pulsos, que Elis Regina, a cantora, disse certa vez que cortava os cabelos para mostrar o rosto e que você quer é mostrar sua alma sofrida, seu coração magoado, seu peito dolorido... Fico apreensivo. Para relaxar, coloco uma música, tomo um drink e a espero. Espero você voltar do cabeleireiro como se fosse do analista.


(by, franck)

domingo, 1 de agosto de 2010

O resto são bobagens, firulas, noites no Paraguai...


Então ele olhou nos meus olhos e disse:
-Ei, acenda meu cigarro!
E eu perguntei:
-Você está procurando amores? Um beijo, um aperto de mãos. A magia da pele. O encanto dos olhos. Mais nada?
É sempre assim, me perco na mata dos pêlos dos peitos dos homens que nunca chego a amar. Me encontro é nesta procura. Finita, talvez. Infinita, quem sabe... Não sei. Quero apenas o mistério da aposta. Não quero as respostas, estou farto de respostas vãs. Se eu tiver que viver outro grande amor, que me venha esse monstro. Se não, foda-se. Viva a noite. Viva o cálice de vinho que me acompanha em cada lamento meu.
Lamento todos os homens que não me entreguei. Lamento todos que virão bater em minha morada. Lamento os que não correspondi. Lamento os que não me corresponderam. Lamento todos que se iludiram comigo, porque nunca pretendi iludir ninguém. Jogo aberto, sabe? Aquelas palavras: Você me dar carinho essa noite? Não mais que isso. O resto? O resto são besteiras, bobagens, firulas, noites no Paraguai. Depois, abraço meu travesseiro e pronto. Está tudo armado. Eu me contradigo em tudo. Eu sou uma pessoa e tento fingir que sou outra. Existe uma enorme distância entre o que se é e o que se gostaria de ser. Um dia eu me revelo. Enquanto isso... brumas. Enquanto isso, a chama ainda arde e queima e consome. Às vezes desejo sumir, às vezes desejo... viver. Meus sentimentos estão aprisionados. Romper barreiras nunca foi meu forte. Corro e não encontro nada...
E isso cresce. Paixões e vícios. Sonhos. Horrores. Medos. Noite e promessas de... vida. E as horas? Os astros nunca fogem e esta noite presenciarão nosso amor. Como fico romântico quando... às vezes o romantismo me parece tão brega. Às vezes me sinto tão brega. Você ainda me lê? Quem é você que me lê? Não sabemos quem somos e nos mantemos ligados através de palavras, frases, textos que comportam sentimentos. Essa troca de carinho sem toque. Sem olhares. Apenas palavras. Nós encontramos fisicamente uma única vez e no entanto.. você significa muito pra mim, penso muito em você... E o cigarro? E as fírulas? E a noite acabando?... E aquela música que quando ouço ainda penso em você. Em nós...

(by, franck)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

Previsões dadas...

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...