Após quatro ou cinco dias de letargia no escuro do quarto, convalescendo daquele vírus que atingiu seus olhos que viram sensibilidades, sua boca que disse poemas em brasa e seus nervos manchados de fumo e café; ele, cambaleante como um bêbado ou como quem estivesse num navio com tempestade em alto mar, foi tateando as paredes da casa até a varanda; antes ligou o som e a voz de Ana Carolina invadiu aquele final de tarde, aquela penumbra, 'eu voltei por entre as flores na estrada', e ele aspirando o ar salitrado, cansado, trêmulo, deitou-se na rede outrora amarelo ouro, agora de um amarelo desbotado, naquela rede antiga, sempre ali, na varanda, suspensa, esperando tardes preguiçosas de leituras, sono ou contemplação...
Enquanto isto, ela chegava em casa, na casa dela, na cidade dela, naquele início de noite e ligava o som e ouvia, também, Ana Carolina, 'eu voltei por entre as flores na estrada', aquela música que tinha sido a trilha sonora deles naquele agosto; e ela queria novamente o mar dele, de novo aquele bronzeado na pele que estava perdendo com o urbano da cidade dela; outra vez aquela rede e eles ouvindo Ana Carolina, fragmentos de textos e poemas, ora na voz dele, ora na voz dela, às vezes nas vozes deles. Ela queria o agosto que atravessaram sem flores amarelas, com mel e girassóis, naquela praia à beira do sanga...
Ele vislumbrou da sua rede na varanda da casa um pedaço da lua, naquele fim de tarde, e pensou em escrever um poema para ela. Ela, num quarto escuro, na casa dela, na cidade dela, olhando a tela azul do seu computador, querendo mandar para ele rosas, bicicleta e estrelas virtuais, mas no seu computador tinha um vírus, enquanto o vírus do corpo e alma e do coração dele, agonizava.
Ele telefonou para ela, leu este texto, ela chorou e disse com voz embargada de emoção que ele fosse ao encontro dela, que ele chamasse, escrevesse, que tinha espaço na sua casa e no coração para ele, sempre. Os dois ficaram ali, naquele começo de noite, ouvindo a respiração um do outro, pelo telefone. Ela querendo um punhado de estrelas maduras, ele querendo o verbo viver, os dois querendo aquela noite de um outro mês, só para eles.
(by, franck)
Quanto desencontro. Deveria ter uma lei: aqueles que se gostam, são obrigados a ficarem juntos. Simples assim.
ResponderExcluirBjux
..Simples assim...concordo com o Wanderley!!!
ResponderExcluirO destino por vezes nos prega peças,e os desencontros, são sim, parte do caminho...
Bjossssssss
Ele voltou, ele voltouuuuuu..
ResponderExcluirFranck, você esta deveras proibido de se ausentar daqui.
Lindo textoooooooo, lindoooooo.
E a vida, continua sendo a arte dos encontros..
Embora os desencontros existam. (adaptado rs).
Meu beijoooooooooo de "É bom ter você de volta".
Estabelecido está: - " aqueles que se gostam são obrigados a ficarem juntos." ordens ex´pressas do mineiro Wanderley rsrs
ResponderExcluire eu vou acrescentar : e serão felizes para sempre.
É isso Franck , adorei o verde esperança da sua cronica e garanto que esse reencontro promete!
te deixo abraços e carinho
Seria óbvio que todos aqueles que se gostam estivessem juntos sempre...mas, a vida de óbvia não tem nada.
ResponderExcluirBjs meus !
A esperança é o viço de algumas primaveras...
ResponderExcluirComo é bom ler o que você escreve com tanto sentimento...Meses, cheiros e músicas de amantes. Me lembrei de mim mesma, aqui nesta cidade gelada. Que inveja que tenho de você tão perto do mar...Estou feliz que esteja de volta.
Beijos
Franck
ResponderExcluirApos o susto, eis que retornas...
Ainda bem.
Amores, amores/dissabores, amores/desencontros, amores/prantos, amores/encantos, amores....
Este circulo vicioso faz a vida valer a pena...
Abço
Voltou querido Franck?! =) Li seu texto ao som de "The Used - Smother me" e olha... sensacional rsrs Me emocionei de verdade! beijao querido
ResponderExcluirFranck!
ResponderExcluirO início do texto me lembrou o besouro da Metamorfose de Kafka. Não sei por quê!
Bom, pelo menos ela não jogou nele uma maçã...
Belo verde texto!
Meu contista e amigo encarnou Franz ,o Kafka affmarie,beleza pura!
ResponderExcluirTu és escriba e amo isso!
Viva la vieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
é isso.
ResponderExcluirmaravilhoso...
ResponderExcluircomo eu gosto de me embreagar com os seus textos..
fiquei sem fala
me lembrei de alguém... que a ultima vez foi só a sua respiração que eu ouvi...
me emocionei.
beijos
OI Frack!
ResponderExcluir1°- valeu elo comentário no blog... ah!não perca o caminho mesmo, volte sempre rsrrs
e que belo texto! tão verdadeiro! quando você escreve "ele queria o verbo viver" me deixou a impressão de continuidade "os dois queriam o verbo amar" ;)
abração!
põe mais água pro café..pois voltarei sempre.
ResponderExcluirseguindo...
"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim"
ResponderExcluirLindo Frank, lindo mesmo!
Sabe, eu vivi algo assim..
Ele lá, eu aqui. Mas eu nunca o esqueci,
e não esquecerei nem em cem anos de vida!
Belo texto, adorei querido! :*
Franck!
ResponderExcluir=)
Aháa!...
Tão bom abrir a porta da ksa de um contista assim...e ouvir ruídos q so vc sabe fazer!
=)
bjok
tim tim!
Engraçado, eu não vi desencontro...
ResponderExcluirEu realmente odeio quando escrevo algum comentário e dá algum erro na página que me faz perder tudo. :(
ResponderExcluirAcho que escrevi isso:
Eu estava ausente e quando voltei vi que você que estava ausente. A vida é mesmo a arte do desencontro! rs
Belo texto! A vida pode forçar o desencontro, mas quando o amor é de verdade nós damos um jeito de "encontrar".
Beijos
Você voltou?!! rs...então, acabou tudo bem? que bom...rs
ResponderExcluirAbraço Franck!
Você voltou?!! rs...então, acabou tudo bem? que bom...rs
ResponderExcluirAbraço Franck!
Franck,
ResponderExcluir...estonteante, excelente texto poema!
(...se me faltares, nem por isso eu morro, mas que vou sentir saudades, ah, tenho inteira certeza, que vais fazer falta...)
Um abraço sertanejo, Marluce
...ahhhhhhhhhhh
ResponderExcluirque delícia entrar aqui e sentir
cheirinho de VIDA renascendo
no berço dos melhores textos...
você é único...
bj, querido!
Belíssimo seu texto!
ResponderExcluirEssa história eu conheço e saí muito machucada. Insisti muito e quem dizia me amar vinha e acabava voltando dizendo que precisava de tempo... Passados 6 anos compreendi que devo eu me amar e dar meu amor somente para quem realmente me ama, isto é minha filha.
Hoje adoro voar em minhas utopias, meus devaneios mas não corro mais atrás desse "amor" que outrora só me fez sofrer.
um grande abraço, você é um escritor autentico e me emociono com o que leio aqui em seu blog.
Beijiinhos!!!
Maura
Bem, voltou esbanjando emoção! Um lindo e emocionante texto que me pos nele como se estivesse a assistir uma peça num teatro.
ResponderExcluirFranck, que bom que vc está melhor. Que bom que vc voltou.
Beijos, meu querido, e uma linda semana pra vc.
ai... :~
ResponderExcluirtu escreves sobre sentimentos que já vivi e ainda vivo. talvez somente nós saibamos o quanto tudo isso se move dentro da gente (e ao mesmo tempo nos deixa imóveis).
um abraço,