quinta-feira, 23 de outubro de 2014

No jardim ainda existem flores


A casa e suas salas vazias; seus cheiros de tabaco, livros, suor, de pai, masculinidade.
Os quartos com seus rendados, lençóis usados, xícaras com chá, odores de lavanda, cremes, mãe, feminilidade.
Nos corredores vozes que se misturavam. Carícias. Olhares nos retratos. O prazer perdido. 
Peixes pálidos na cozinha. Manhãs em desordem. Alguns mistérios. Mesa posta.
No jardim ainda existem as flores que não deixavam eu apanhar. Reflexos partidos das nuvens nas fontes, não mais lá em cima.
Minha falta de sentido em outras casas desconhecidas, com seus andares inteiros, jardins sob jardins, outras paisagens vistas das janelas.
Restou a velhice que tememos; esse lembrar de algumas coisas e outras, não. O vazio do tempo e das distâncias. Esse lugar que chamam de solidão, o qual não podemos partilhar com ninguém.
(by, franck)

sábado, 11 de outubro de 2014

O 'Quando o azul não desbotava', no Jornal 'O Estado do Maranhão', 11 de outubro de 2014, sábado.
Espero vocês para um abraço, um beijo, um beiju, um chocolate, rabiscar no livro, uma taça de vinho e celebrar a prosa e a poesia!

sábado, 4 de outubro de 2014

Amolaria facas


Amolaria facas nos olhos dos transeuntes se facas comigo tivesse no dia que o azul se condensar no mais brilhante azul de todas as ilhas do hemisfério sul, claudicaria cego nos caminhos que não sei se saberia mais andar, porque teria nas retinas sensações que veria vagalumes, formigas, gigantes e peixes nadando nos vãos de um aquário para nenhum azul. 
Amolaria facas nos olhos de pássaros de asas cortadas se facas comigo tivesse no dia que o azul se condensar no mais brilhante azul de todos os continentes, porque nos ouvidos teria o barulho de mil bem-te-vis, e, nesse dia não se precisaria enxergar a não ser que estivessem procurando os pássaros sem asas e sem ninhos, fadados ao chão, mas encharcados de todas as cores, menos o azul.
Amolaria facas nos olhos dos acrobatas e bailarinos se facas comigo tivesse no dia que o azul se condensar nos trópicos, porque eles fatigados de suas redes e piruetas tiverem esquecidos dos campos de papoulas, dos pântanos, das florestas, serei capaz de contar-lhes e fazer senti-los como são os aromas e as cores, assim como um marinheiro procuraria outros navios no azul infinito.
Amolaria facas nos meus olhos se facas comigo tivesse no dia que o azul se condensar no mais brilhante azul de todo o universo, porque nesse dia rasgaria as fotografias não tiradas de nos dois e entraria num labirinto sem me preocupar se sairia dele, Minotauro que sou, porque dentro das minhas pupilas limaria todo o azul que nunca existirá.
(by, franck )

Cartas marcadas


Eu sou aquele faquir, dormindo em camas de pregos e caminhando sobre cacos de vidros. Enquanto você continua entre suas tênues gravuras e flores artificiais, inventando o nosso futuro em suas cartas marcadas.
Eu sou aquele que vai ao Alasca no projeto mundo cão, enquanto você enfeita seus dias com túnicas de motivos astrológicos, pedras semipreciosas, minúsculas esculturas de ossos.
Eu sou aquele que ainda se guia pelos pontos cardeais, recolhendo pelo caminho pedras de coral, folhas e escaravelhos petrificados. Enquanto você tenta decifrar minha ancestralidade de homem vivido nas montanhas.
Eu sou aquele que está chegando. Enquanto você diz que o mundo agora é uma aldeia.
Me manda pelos ventos o cheiro de mar dos seus cabelos.
(by, franck)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Convite


O chá e os bolinhos de chuva
assim como o seu convite de casamento
(que não pude aceitar)
ainda esperam, você me diz,
enquanto olha a chuva e as janelas vizinhas
coloca seus sapatos para secar
e pensa:
(será que lá são infelizes?).
Leio Sylvia Plath ao sol da tarde
e digo:
(a única decisão que posso tomar é a disposição dos quadros).
(by, franck)
(imagem: net)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...