sexta-feira, 27 de novembro de 2015

'Escolha o seu sonho'

Outro dia encontrei num sebo um livro de Cecília Meireles que me trouxe recordações de um tempo que meu pai ao acordar de manhã contava seus sonhos da noite anterior. Eu tinha uns quinze anos, já lia muito e me aventurava em alguns rabiscos. Os seus sonhos me fascinavam e eram temas algumas vezes para meus escritos.
Nessa época também descobria Cecília Meireles e sua poética. Um dia vi num catálogo de uma editora o seu livro 'Escolha o seu sonho'; disse ao meu pai que ele deveria comprá-lo, assim teria como decifrar os seus sonhos. Ele autorizou a compra, sem saber que o livro era de crônicas, no qual a autora nos envolve com textos sobre liberdade, incertezas, solidão, felicidade, e, de quebra, sonhos; não os sonhos de quando dormimos, aquele da fase do sono REM, mas os sonhos cotidianos.
Meu pai perguntou sobre o livro vários dias, mais ansioso do que eu. Quando o livro chegou, danifiquei a embalagem antes de mostrá-lo - para que não me fizesse devolvê-lo - e ver sua surpresa que os seus sonhos iriam continuar indecifráveis. Mas os meus foram embalados pela compra do meu primeiro livro.
(by, franck)

Resenha de 'Poemas para dias de chuva'


domingo, 15 de novembro de 2015

Eu estava no seu sonho?

Sonhei com você também. Ao contrário do seu sonho, que eu aparecia imóvel, uma imagem em branco e preto no convés de um navio, sonhei que perco você no meio da cidade, você se embaralhando aos passantes, desaparecendo entre tantos rostos. O vento atravessando sua echarpe vermelha no pescoço.
No seu sonho você voava, vindo do alto para pousar ao meu lado, num navio. Sonhei que tens uma flor na mão, talvez na mão direita, porque carrega uma bebida também. Amarelo e vermelho. Procuro essas cores em outras mãos, outros pescoços, que desaparecem logo depois. Na direção contrária, talvez eu buscasse você.
No meu sonho você sumiu. Você se misturou à cidade e talvez seja aquela asa noturna que pousou ao meu lado no seu sonho.
(by, franck)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Ancoradouro

A cidade que nos vestia poderia ter sido Veneza
Colônia Del Sacramento
Buenos Aires ou Roterdã.
Lembro que chegavas com as mãos sujas de dia
habitávamos as noites como num comercial publicitário
numa casa na qual as janelas já tinham sido menores.
Na cidade que nos vestia
tua solidão não tinha barcos que faziam doer-me os olhos
mas ias ao cinema e choravas com cenas logo esquecidas
ao adentrar a casa que nos aquecia como um útero
e me encontravas olhando pelas janelas o mar à porta e eu
{pensando
que quando quisesse fugir não precisaria ir muito longe.
Da cidade que nos vestia
esperamos os meses mais frios e partimos
deixamos de ser dois rostos na sua paisagem e nos tornamos
dois acidentes, dois trajetos, dois roteiros diferentes.
Naquela cidade ficou a longura das nossas palavras soltas
{num país que não era nosso
beijos no escuro daquelas noites
e o eterno doer das pupilas fitando barcos nas janelas de vista
{para o mar.
(by, franck)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...