Outro dia encontrei num sebo um livro de Cecília Meireles que me trouxe recordações de um tempo que meu pai ao acordar de manhã contava seus sonhos da noite anterior. Eu tinha uns quinze anos, já lia muito e me aventurava em alguns rabiscos. Os seus sonhos me fascinavam e eram temas algumas vezes para meus escritos.
Nessa época também descobria Cecília Meireles e sua poética. Um dia vi num catálogo de uma editora o seu livro 'Escolha o seu sonho'; disse ao meu pai que ele deveria comprá-lo, assim teria como decifrar os seus sonhos. Ele autorizou a compra, sem saber que o livro era de crônicas, no qual a autora nos envolve com textos sobre liberdade, incertezas, solidão, felicidade, e, de quebra, sonhos; não os sonhos de quando dormimos, aquele da fase do sono REM, mas os sonhos cotidianos.
Meu pai perguntou sobre o livro vários dias, mais ansioso do que eu. Quando o livro chegou, danifiquei a embalagem antes de mostrá-lo - para que não me fizesse devolvê-lo - e ver sua surpresa que os seus sonhos iriam continuar indecifráveis. Mas os meus foram embalados pela compra do meu primeiro livro.
(by, franck)
..."a lua completa mais de uma volta pelo zodíaco. E o anjo pálido troca o mel pelo sal"... (Caio F. Abreu)
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