quinta-feira, 28 de abril de 2011

O mar me faz lembrar você




Hoje vi os mesmos restos de nuvens ao fim do dia. Vou pela cidade e atravesso a chuva. Porque a chuva forte me faz lembrar você. Assim como lembro dos sorrisos e das gargalhadas. Dos sonhos segredados. Também porque gosto dos exageros. Dos gestos largos. De frases inesquecíveis. De precipícios. De causas perdidas. Será que você é uma delas? Você que percebeu as minhas montanhas russas e voos picados. Minha sede da urgencia de beijos. De vinho tinto. Da alegria animal com sua presença. Através da chuva, cheguei ao mar, gosto do mar no outono. De canções de tristezas. De almas expostas as cicatrizes do mundo. De abraços desesperados. De nada eu sei, só sei que tudo precisa ser inventado. Reiventado...




(by, franck)///(imagem: olhares)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Um poema colorido







De manhã

farfalham flores e folhas e gravetos

na fotografia

a cauda é de um cavalo alado

tem um ramo de flores artificiais

e a dançarina está de costas

usa um colar de vidro colorido: azuis, verdes, laranja...

Os brócolis no quintal

doura o ventre das andorinhas

no sol renascido

ardendo aonde nunca chega o orvalho.

Queremos qualquer paisagem na tarde

e pensemos na longa viagem de volta

mesmo com o excesso de mar, céu azul, vinho, odores e alegrias.

As grandes aves se calam

quando passamos

cheirando a sal e sexo e amor

nativos tristes e agrestes nos olham.

Uma igrejinha. Armazéns. Mais fotografias. Um farol. Um arco-íris.

Na noite

no teu cabelo brilham estrelas

a lua

no escuro do quarto

na madrugada

te darei.



(by, franck)







domingo, 17 de abril de 2011

Sem calopsitas nas mãos...


Ontem à tarde quis você aqui na casa de amigos tomando vinho, ouvindo Thiago Pethit, tirando fotografias. Hoje quis você aqui, agora a pouco, quando passei por um café e pela vitrina vi a longa fila de banquinhos vazios contornando o balcão, numa rua também vazia. Mas você chegará aqui apenas na quarta-feira. Sem calopsitas nas mãos, mas disse que traria ovos de páscoa. Óculos escuros. Você chegará quarta-feira às 16 horas, com sol ou chuva e estarei naquele saguão do aeroporto dos meus sonhos. Não importa se não estiveste ontem ou hoje aqui, importa que vou tê-lo aqui quarta-feira, matarei saudades da sua boca. Pescoço. Das noites assistindo tevê. Dos vinhos entornados no lençol. De correr da chuva. Do cinema na primeira sessão. Do cheiro do seu perfume. Daquele sorvete da sorveteria daquela esquina. Daquele mês. Do hotel fazenda. Das muitas risadas. Porque o amor deixa saudades. Porque o amor deixa rastros.


(by, franck) // (imagem: olhares.com)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Amarelo


Ontem, sonhei que alguém me esperava, no saguão de um aeroporto, com pássaros amarelos nas mãos...



(by, franck)

sábado, 9 de abril de 2011

Congela(dor)


Se eu demorar

meus poemas

estão no congela(dor)

retire-os e coloque-os no forno

(em temperatura branda por sete minutos)

PS: Pode ir comendo-os, trarei canções para sobremesa.



(by, franck)

(Imagem: olhares.com)

domingo, 3 de abril de 2011

"Agradeço a paciência, a gargalhada, a delicadeza e o mistério"... (Martha Medeiros)




Um sábado na ilha


O sol deu as boas vindas cedinho. Ao sábado. A ilha. Para nós. A insônia deixei nos cobertores e a ansiedade segurei no tambor que era o coração. Quem iria? Quem não iria? O que ainda faltava? O que diria? Me questionava, mas era melhor deixar ao acaso, ao sabor da manhã e assim foi feito: nas mesas com suas toalhas xadrez preto e branco, decoradas com guloseimas nordestinas e sucos regionais e livros expostos e com os amigos chegando; a manhã passava nos encontrando ouvindo a doce voz da moça amiga-blogueira com suas lantejoulas brancas nos cabelos, nos inebriando com canções citadas nos textos do livro, enquanto uma chuva miudinha caiu para nos lembrar que deste lado de cá do equador estamos no período chuvoso, mas logo o sol voltou a brilhar e os risos e os abraços e os carinhos aos montes, aos tantos, chegavam no começo da tarde, no sábado que fez-se festa, discurso, lembranças aos amigos ausentes, no qual fez-se uma paz de copo d'água na cabeceira, de chave no bolso, de agasalho no frio toda a comunhão, toda a troca de toques, olhares, afagos, prosa e poesia saltando das páginas do livro lançado na praça daquele shooping, sem agorafobia, entre sons e cores e cheiros das lojas de tatuagens e piercings, filmagens, salão de beleza e pessoas indo e voltando e o calor que emanava foi fogo que não era ainda fátuo, mas que me aqueceu e carreguei tarde e noite adentro e ainda queima neste domingo, 'como no umbigo de um furação, como se no peito, um gavião'...


(by, franck)

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

EU...

Minha foto
São Luís, MA, Brazil
Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...