quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Ancoradouro

A cidade que nos vestia poderia ter sido Veneza
Colônia Del Sacramento
Buenos Aires ou Roterdã.
Lembro que chegavas com as mãos sujas de dia
habitávamos as noites como num comercial publicitário
numa casa na qual as janelas já tinham sido menores.
Na cidade que nos vestia
tua solidão não tinha barcos que faziam doer-me os olhos
mas ias ao cinema e choravas com cenas logo esquecidas
ao adentrar a casa que nos aquecia como um útero
e me encontravas olhando pelas janelas o mar à porta e eu
{pensando
que quando quisesse fugir não precisaria ir muito longe.
Da cidade que nos vestia
esperamos os meses mais frios e partimos
deixamos de ser dois rostos na sua paisagem e nos tornamos
dois acidentes, dois trajetos, dois roteiros diferentes.
Naquela cidade ficou a longura das nossas palavras soltas
{num país que não era nosso
beijos no escuro daquelas noites
e o eterno doer das pupilas fitando barcos nas janelas de vista
{para o mar.
(by, franck)

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