quinta-feira, 23 de outubro de 2014

No jardim ainda existem flores


A casa e suas salas vazias; seus cheiros de tabaco, livros, suor, de pai, masculinidade.
Os quartos com seus rendados, lençóis usados, xícaras com chá, odores de lavanda, cremes, mãe, feminilidade.
Nos corredores vozes que se misturavam. Carícias. Olhares nos retratos. O prazer perdido. 
Peixes pálidos na cozinha. Manhãs em desordem. Alguns mistérios. Mesa posta.
No jardim ainda existem as flores que não deixavam eu apanhar. Reflexos partidos das nuvens nas fontes, não mais lá em cima.
Minha falta de sentido em outras casas desconhecidas, com seus andares inteiros, jardins sob jardins, outras paisagens vistas das janelas.
Restou a velhice que tememos; esse lembrar de algumas coisas e outras, não. O vazio do tempo e das distâncias. Esse lugar que chamam de solidão, o qual não podemos partilhar com ninguém.
(by, franck)

2 comentários:

  1. A intensidade de sempre, com louvor.
    Parabéns Frank, lhe admiro desde sempre.

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  2. Numa mistura de cores, cheiros, sensações, o texto me levou a um sentimento de saudade. Gostei!
    Bjs

    www.lucadantas.blogspot.com.br

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(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

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