sábado, 20 de dezembro de 2014

Universo Paralelo

No dia  que nossas conversas se perderem em algum universo paralelo, entre bytes, megabytes e velocidade por minuto e não puder mais visitá-la em algum sitio virtual, comigo guardarei suas imagens com chapéus, óculos escuros, lenços-echarpes e você na neve, o negro dos seus olhos naquele branco-gelo. Guardarei também a imagem daquele trem partindo em silêncio, rasgando à tarde de um dia qualquer de primavera e eu acenando, acenando, parado, com uma cesta de frutas, peixes de água salgada e um baralho de tarô no bolso esquerdo da calça - para aquele piquenique que não fizemos; para aquelas previsões de um novo ano que insistimos em querer saber.
No dia que nossas conversas se perderem em algum endereço eletrônico não identificado, alguma caixa de e-mail, virar spam, em algum universo paralelo, mesmo assim continuarei mandando para você cartões-postais, fotografias azuladas pelo tempo, outros
poemas... até nos reencontrarmos nos nossos endereços que constam nos catálogos telefônicos ou dos boletos bancários.
No dia que nossas conversas se perderem em algum universo paralelo de satélites, planetas ou num cosmo submerso abissal de um oceano, ainda assim continuaremos escrevendo livros, criando filhos, viajando, mesmo que o tempo, inexorável, não seja mais o mesmo.
Mas quando tudo isso acontecer, se acontecer, estarei nessa cidade líquida de casarões em ruínas, águas, conchas, sal e sol.
Estarei aqui, no meu universo não paralelo, esperando você.

Um comentário:

  1. "Mas quando tudo isso acontecer, se acontecer, estarei nessa cidade líquida de casarões em ruínas, águas, conchas, sal e sol."

    Magnífico!

    bjo de luz e paz, Franck.
    Mta cor, saúde e paz nesse Natal.

    L.L.

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(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

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