Você disse que viria num sábado. Não sei quantos sábados se passaram e quantos ainda virão até sua chegada. Você, pássaro-hippie, pouse na minha ilha, numa manhã na qual os acrobatas estarão pelas ruas imitando balões de alto voo. Se vieres à tarde, chegue quando o tráfego diminui e o levarei ao bairro marinheiro para vermos os navios iluminados, quando o ar fosco espera a noite chegar com aquele cheiro cansado de fim de dia, poeira, fumaça, do sol fugindo de calçadas e muros. Ou venha na noite, desde que seja sábado, desde que na praça fiquemos soltando nossas almas, olhares, fogos de artifício para os ares cruzando com os acrobatas-balões da manhã que ainda estarão lá, e, seríamos eles, seríamos pássaros, estrelas, objetos não identificados no céu da cidade.
Você disse que viria num sábado. Desde então os outros dias da semana perderam importância, aos sábados tenho sobressaltos desde o amanhecer, porque busco-o no toque do telefone, num avião cruzando os céus, na campainha da porta quando chama inabalável e forte, numa buzina de um carro na rua... Na madrugada quem sabe você ainda chegará, justamente naqueles momentos que a solidão se insinua de mansinho num poema, numa música, num filme, num canal de tevê, no escuro do quarto? No escuro do quarto quero brilhar com você, virar Cheshire ao contrário, o gato de Alice, ser só sorrisos sem me desintegrar. Brilhando e rindo, não serás mais pássaro-hippie, seremos felinos-felizes nas noites quentes de algum bar; em manhãs ensolaradas à beira-mar de algum litoral; nas tardes preguiçosas que abraçados dormiremos em redes e camas e sofás...
Você disse que viria num sábado. Mas não quero ser feliz apenas aos sábados, com você quero dias úteis, feriados e fins de semana. Desde o sábado no qual disse que viria, tenho taquicardias, ou são suas asas, pássaro-hippie, anunciando sua chegada, pousando concomitantemente com a esperança no meu coração?
(by, franck)
(imagem: internet)
..."a lua completa mais de uma volta pelo zodíaco. E o anjo pálido troca o mel pelo sal"... (Caio F. Abreu)
O que seria melhor, esperar o dia em que ele prometeu chegar ou nunca saber, e apenas sonhar com a chegada? Talvez, o dia certo seria melhor pois faria de nós, com certeza, cheios de esperança, uma vez por semana, e isso seria uma forma de amar, pois a gente ama mais na espera.
ResponderExcluirSuzana Guimarães - Lily
Que pássaro malvado, rsrsrs.
ResponderExcluirEscreva, amigo, escreva. Quero ver o segundo livro sair.
Abç
Que seja no sábado, no domingo e na semana toda. Que seja na praça ou no banheiro do hotel barato. Que seja, Franck!
ResponderExcluirLindo!
Beijo!
Vim te reler... adorei esse texto... Quando vem o segundo livro, hein/ O primeiro li e reli... Adoro a maneira que escreves. Beijo!
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