terça-feira, 8 de julho de 2014

Como numa história de celuloide



No jardim, os pássaros voltam para os seus ninhos
e na cozinha distribuo xícaras que não combinam sobre a mesa
com uma toalha de linho e um vaso de girassóis
enquanto espero você com as ervas para o chá.
No balcão de uma das janelas, há um livro aberto de poesias
músicas na sala
incensos perfumam à varanda e no quarto, esfumaçado pelos cigarros de ontem,
duas taças com restos de vinho no criado mudo
e eu ardendo em febre.
Na casa quase indecente, espero você, para fingirmos sermos heróis,
mesmo se o mundo desabar
como numa história de celuloide.
No fim do dia, quando os ladrilhos da cozinha ficam com umas tonalidades indecisas
sobre os quais deixaremos cair um pouco de chá
nos sentiremos como se fossemos dois planetas que nos sustentassemos.
(by, franck)

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