sábado, 26 de julho de 2014

Quando dei por mim

Quando dei por mim, era um náufrago entre nativos barulhentos. Mas sonhava ciclopes. Esperava Adamastores e olhava o mar que era o centro da cidade. Milhões de rostos que não eram o seu.
Quando dei por mim, me sentia tão só como alguém que adentra num deserto. Intoxicado de café. Cigarros. Guloseimas extravagantes. Não havia noite ainda, mas tirava você da agenda telefônica. Rasgava seus quadrados. Triângulos. Chaminés.
Quando dei por mim, olhava fotografias nossas. Mas queria algum milagre que jorrasse luz. Cinema. Figura animada. Fliperama. Holograma. Outra mentira.
Quando dei por mim, relembrava lugares. Épocas. Animais domésticos. Balneários. Roupas. Aniversários. Parentes. Mas tomava alguma droga que só existe quando todas as outras acabaram para embriagar pessoas desesperadas.
Quando dei por mim, o amor tinha terminado. Acabado. Morrido. Restou apenas o aroma excessivamente doce como uma fruta passada.
(by, franck)

Um comentário:

(Quem dá a volta ao zodíaco comigo...)

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Um brasileiro-nordestino, um cara comum, qlq um, como diria Caetano Veloso...