segunda-feira, 30 de março de 2015

Por onde o vento soprou

Na noite que veio aquele vento as mudanças se viram pela agitação dos pássaros, apesar das aves grandes calarem. Um vento violento veio desenterrando guarda-sóis das praias, apagando faróis e a morte rondando o litoral.
O vento talvez fosse um minuano, um mistral ou quem sabe um siroco ou alísios. Sabe-se que os piratas atearam fogo aos navios e o mar esteve vazio de veleiros e rastros de escunas; mas espumas, ondas e o vento derrubaram mascarones das embarcações nos portos e adentrou às casas da ilha quebrando as coleções dos moradores como os carrinhos de ferro do menino Kerouac, as máquinas de escrever do moço Tom, os quadros com as borboletas de Cláudia, as facas da senhora Jolie, as Barbies do Johnny e as canecas que comprei nas minhas viagens.
Aquela noite o vento desestabilizou radares, pombos correios, canais de televisão. Por onde o vento soprou se fez fosso, noite escura, muito barulho. Naquela noite, antes que o dia amanhecesse silêncio e o vento fosse brisa, quis um transatlântico atravessando oceanos e colecionar homens com nomes interessantes.
(by, franck)
(imagem: net)


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