domingo, 12 de abril de 2015

Abrigo

Na tarde líquida e nenhuma paisagem
procuro abrigo em livros acumulados e mofados
numa casa que não sei se ainda é minha.
Tenho cinquenta anos nesta tarde, ímpetos de pular janelas e cortar os pulsos
para aliviar as dores do mundo e do meu corpo
que carrega uma alegria inexistente
o cuidado de quem poderia fraturar membros invisíveis.
Na tarde derretida, a tristeza prossegue
mesmo escutando gatos, cachorros, pássaros, homens e outros bichos
na casa quase vazia, quero uma solidão sem paredes
por isso um guarda-chuva guardado numa tarde de chuva
é um crime
 mesmo que esta tarde dure anos.
Nesse corpo confuso, quero carregar essas dores sem queixas, sem analgésicos
nenhum troféu
esse convívio.
Na tarde líquida e derretida
que eu seja um ponto obscuro no mapa de algum google maps
só por esta tarde
só por esta tarde.
(by,franck)
(imagem: franck)

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