O albatroz solitário fez ninho sobre o convês abandonado do navio
e pôs um ovo.
Na cidade, um menino estudava trompete
a príncipio uma música descozida e qualquer
mas o albatroz, sensível, tomou para si este canto sem dono e inútil
e disse: será o canto do seu primeiro entardecer, filho,
quando as aves estiram longamente suas asas
limpam suas penas e adormecem sem dessassosego.
Mas os dias se passaram e o ovo não vingava sobre o casco
progressivamente mais longe do céu
e o albatroz não procurou mais uma canção
inaugurando os momentos de seu pequenino como o natal e seus presentes
um a um.
O albatroz ficou em silêncio e as minhocas e insetos ressequiram-se
ou desapareceram do convés.
A lua ia alta no céu quando a água umedeceu-lhes as patas
como num doce aviso ignorado.
O ninho se desfez ao nascer do dia.
O menino não tocou mais trompete
nem nenhum instrumento
cresceu.
Tornou-se um grande financista e dedicou-se à caça aos pombos.
Quem disse que a vida é uma história de final feliz? Os irmãos Grümm? Talvez, Andersen? Ou, ainda, Glória Perez? rsrs
ResponderExcluirAdorei,
Abraços
Muito bom... Lembrei-me Baudelaire em As Flores do Mal, especificamente na última estrofe do poema O Albatroz:
ResponderExcluir"Le Poëte est semblable au prince dans Nuées
Qui hante la tempête et se rit de l’archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant empêchent de marcher".
Um grande abraço. Bom início de semana.
Obg Richard e Jacson pelas visitas...e, uma boa semana pra vcs! Abçs!
ResponderExcluirLindos versos...
ResponderExcluirlembrei de Castro Alves
em Navio Negreiro, onde
o poeta menciona o Albatroz
em alto e bom som.
Mas sabe...me chamou atenção
o será que o menino não
tocou mesmo mais nunca mais?
Tenho um querido poeta
estudando gestão empresarial, cada dia se afasta
um pouco das palavra e se achega aos numero....
Linda semana!
Bjins entre sonhos e delírios
"Mas o abraço era tão apertado,
tão apertado
que os corpos eram quase mais que colados.
Poderia dizer que eram um só."