Uma balada ao cair da tarde
Ficamos ali, naquela praça, no centro da cidade, numa tarde de abril. Ríamos. Mãos dadas, bobos. Talvez apaixonados. Vimos nossos dentes amarelados de fumo e café, dissemos que precisávamos irmos ao dentista, que precisávamos de roupas novas, você com sua camiseta desbotada e eu com meu moletom surrado.
Ficamos ali, naquela praça, olhando podarem as árvores, ipês? Não sabíamos, mas sabíamos a canção que tocou na loja da frente, cantarolamos juntos. Ríamos. Risos frouxos. Largos. Olhos nos olhos. A tarde caia, mas não olhávamos nossos relógios, mas ouvíamos o badalar do sino da igreja na outra rua.
Ficamos ali, naquela praça, mãos dadas e risos ecoando. Combinamos irmos ao teatro, 'tudo que eu queria te dizer', e, pensei que não precisaria ir ao teatro para dizer-te da minha alegria. Dos meus medos. Dos meus sonhos. A noite chegava e ficamos olhando os transeuntes, pombos, vendedores, a cidade aos poucos se iluminando e nossas mãos se tocando, nossos olhos nos buscando, nossas bocas se aproximando.
Ficamos ali, naquela praça, no centro da cidade, na quase noite acontecendo. Me convidaste para irmos a Paris em junho, disseste que Paris é uma festa, lembrei de um conto do Caio, de Lyon, vinho, inverno europeu. O convidei para irmos à Buenos Aires em junho, comemorar aniversário de um amigo, talvez esquiar em Bariloche, dançar um tango. Você me disse que preferia Piaf, ponte
Neuf, brioche, Juliette Binoche. Divagamos. Rimos. Rimos. Rimos...
Começou a chover na tarde-noite de abril, na praça, na cidade, e, continuamos ali, encharcado de chuva, da tarde juntos, da nossa quase paixão. Bobos, mãos dadas, risos se confundindo, vimos balões no céu chuvoso e nem era junho, nem estávamos em Buenos Aires, ou Paris.
(by, franck)
(imagem: internet)
..."a lua completa mais de uma volta pelo zodíaco. E o anjo pálido troca o mel pelo sal"... (Caio F. Abreu)
Mas estavam dentro do que que lhes cabia.
ResponderExcluirLindo, lindo!
E se ponderarmos a distância, não teríamos nem amigos.
ResponderExcluirInfelizmente Paris não é mais Piaf, assim como o Brasil não é mais Bossa.
São nos momentos simples que encontramos o amor, tão raro, tão singelo...
ResponderExcluirAo lado do amor, até a cidade da luz se torna menor.
ResponderExcluirLinda praça, meu queridão
bj grande
Franck, eu amo todo o sentimento colocado nos teus textos. Dilúvio de boas sensações, que fazem a gente desejar viver igual. Sou fã!
ResponderExcluirSaudades de amigo! Que belo, consegui sentir a sintonia dos dois daqui, como dois passarinhos que descobriram como é mais doce cantar junto do que sozinho. Aguardo postagens novas. Beijos
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