segunda-feira, 9 de junho de 2014

O domador



Naquele outono ele disse que iria para o norte, que adestraria ursos para hibernarem no verão, quando o céu ficaria mais azul, os dias se alongariam e na floresta as árvores perderiam o colorido das folhas e flores e frutos e os rios se tornariam filetes d'água.
Naquele outono ele migrou deixando no sul seus livros. Sua varanda que passava os fins de tarde. Seus cafés. Seus discos. Uma quase paixão. Adentrou na floresta numa noite de lua, em busca dos ursos, que dançavam para o acasalamento, os quais ele adestrariam para não mais tomar banho de rios, nem uivar para a lua, mas sim, atender mímicas; porque ele faria dos ursos especimes de circo, acrobatas nunca vistos.
Naquele outono ele comeu da fauna e da flora da floresta que tinha adentrado, assim como experimentou chás de todas as ervas, aprendeu cantos de pássaros, visitou aldeias, perdeu roupas, deixou crescer barba, cabelo, unhas e cada vez mais percorreu veredas, rios, pântanos...
Quando o outono se vez outra estação, talvez inverno, os ursos domados, ele sentiu frio e numa caverna entrou para hibernar. Na cidade, na sua casa, um casal de ursos passaria aquela estação, hibernariam no urbano que foi dele.
(by, franck)

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