Atravessava a cidade para encontrar você à beira da
praia. Tinha uma luz suave aquelas tardes e a praia estava sempre vazia.
Ficava em suspensão as manhãs inteiras até nossos
encontros, que adentravam as noites, nas quais me contava da sua vida de
viajante e eu tentava explicar a geografia da ilha, a ordem das praias, os
lugares que não poderia deixar de conhecer.
Atravessava a cidade de volta para casa - tinha
fôlego naqueles dias - após vermos o sol se pôr, os plânctons que cintilavam no
mar e as águas-vivas. Ainda ouço sua voz me dizendo que as estrelas brilhavam
mesmo depois de morrerem.
Queria ser poeta aquela época. Trancava a porta do
quarto e rabiscava uns poemas para você e também algumas angústias. Meu corpo
se tornou salitre e Malbec e os sons do mar continuavam durante a noite nos
travesseiros como se fossem conchas coladas aos ouvidos.
Atravessava a cidade para encontrar ou deixar você
naqueles dias que o céu da boca, os olhos, o corpo eram vestígios de
contentamentos.
Daquele verão, apenas aquela praia, rastros de
melancolia e saudades.
E o cheiro inesquecível que só o Mar tem...
ResponderExcluirSaudades, Franck.
bjo de luz
Nostalgia, saudosismo e belas palavras.
ResponderExcluirSerá isso o que sempre restará para os escritores, sonhadores?
Espero que sim, mestre!