Escrevo de um lugar muito profundo, de uma parte qualquer do meu cosmo - ele é tão amplo - sob uma sombra pacífica e serena: minha solidão. Há pessoas que nascem para serem solitárias, de uma solidão inatingível, inenarrável; pois bem, sou uma delas. Estou encerrado, mais do que ninguém - pois ninguém conheço - dentro do meu ser, dentro de mim. E esta angústia, esta ansiedade constante e solidária ao meu isolamento, aos poucos, quase sem que eu percebesse, metamorfoseou-se - a mágica da vida - numa serenidade impressionante, silênciosa. Eu, que, quando me via na perspectiva deste isolamento, ou até quando me via inserido nele, angustiado, buscava, de alguma forma, fugir a ele, hoje me vejo sob sua sombra. Não torturado, nem feliz: sereno, com uma serenidade que nunca me pertenceu e que sequer me pertence. É meramente ilusória: dentro de minha grandeza, uma fúria enorme, magnífica, minha propriedade de há muito; essa fúria, ela de mim apodera-se e põe-me à sua disposição. Ambiciosa. Irrefletida. Genial. Borbulho como em ebulição. Fervo. Consumo-me em minhas cinzas, valem muito mais que eu mesmo. Ou talvez deva dizer que são eu mesmo. Sem elas, sou um ser inútil. Ou melhor: não sou. É difícil, essa convivência. Observo a mesquinhez que há por aí e me espanto. Indgno. Conformo. Ou não. Nietzche disse que o homem é uma corda esticada ligando o animal ao sobre-humano. Uma corda sobre um abismo. Pois bem: eis-me, uma corda que não se satisfez em ficar estacionada sobre este; vibro em busca não deste sobre-humano - um passo além do humano, um horizonte tolo e inatingível por inexistente e móvel - mas sim deste abismo. Ah, esta fantástica e iminente sensação de queda, a impressão de que a qualquer instante, irei espatifar-me no profundo deste fundo; esta é a única maneira de que eu possa, ou melhor, que permite estabelecer uma relação, um intercâmbio entre mim e esse mundo - tão pequenino - que me rodeia. Ou melhor: não tão pequenino assim! Quanto ao resto, de certa forma, pouco importa. O essêncial, eu o disse. Parte do essêncial, talvez. O essêncial deste momento...
(by, franck)
Franck,
ResponderExcluirAh, a solidão, vivo tão cercada dela, mesmo na multidão ela é minha companheira, irmã. ...às vezes anda a passos largos, mas ela apressa os seus e acompanha-me!
São belos seus textos poemas!
Um abraço, Marluce
Creio que ninguém nasce para a solidão, penas algumas pessoas aprendem a conviver com ela de forma menos sofrida.
ResponderExcluirBjux
a solidão é o que me faz UM.
ResponderExcluirÉ...não sei...
ResponderExcluiro que Clarice ou Nietz
ou outro poetas escritor ou filosofo nos diz esta dentro do contexto de cada um.
Clarice mulhersolitaria em profusão de letras e pensamentos impregnados de uma psicologia farta.
Nietz homem solitarios de conhecimento farto,de intelecto
quase infinito e de ideias quase inalcansaveis.
Cada um devidamente ligado ao mundo por seus escritos,ligados a nós palavras.
Mas nós aind anão podemos nos isolar,
porque na verdade dura e crua,ninguem sente
ou sentirá falta de nõs ainda.
Nos falta o legado que nos afasta da definição: ilhas ou lagos?
resta-nos refletir sobre a diferença.
Eles certamente tornaram-se ilhas...
e nós?
Bjins
Franck , aqui ,te lendo , me veio isto ao pensamento ...
ResponderExcluir"Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só."
Rainer Rilke
Creio que é necessário saber-se estar consigo mesmo , sem medo do que encontrar . Porq acredito que é lá , bem dentro de nós , que encontramos a mola mestra que nos levará pro alto , pra cima de tudo , até de nós mesmos.
Deixo meu BjO carinhoso e agradeço , mesmo
na correria do seu dia , ter tido um cadinho de tempo pra me visitar ...
...Eu curto meus momentos de solidão!
ResponderExcluirSão momentos que classifico como único e entro em contato com minha luz e meu eu mais puro, momentos de verdade e serenidade.
Se esse for o seu momento, desejo que se encontre, que saiba aproveitar essa oportunidade!
Bj
Franck,
ResponderExcluirE falamos de solidão ontem né?
Solidão é um estado. Bom ou não!
Muitas pessoas,não sabendo lidar com ela, se penduram como cabides nos outros.
Antes mal acompanhada do que só. Isso é terrivel.
Outras pessoas, encontram na solidão o aconchego.
Me pergunto que bicho peçonhento é esse, para algumas pessoas?
Solidão é a coisa mais natural do mundo.
Eu amoooooooo meus momentos de solidão, aliás eu PRECISO DELES.
Na cabeça de quem sabe o que é, é algo que jamais assusta.
Meu beijooooooo!
Você é um amadooooo!
A solidão as vezes é amarga... Mas as vezes
ResponderExcluirela é fonte de inspiração e até mesmo de
reflexão... Amigo, amei esse texto! Obrigada
por compartilhar! Carinhos meus a ti...
Abraços
To vivendo com ela...a solidão.
ResponderExcluiras vezes é ruim...mas, na maior parte das vezes gosto.
abraços
Franck,
ResponderExcluirEsse fogo interno, intenso, é o que fará entrar em ebulição tudo que se encontra no caldeirão da existência. Dele brotará um elixir que fortalecerá o espírito, acalmará a angustia e fará ressurgir ileso, forte, sereno, desta solidão que o consome, o ator, verdadeiro protagonista de sua existência.
Excelente texto.
Um grande abraço
|Sem a solidão, não conseguimos nos conhecer.
ResponderExcluirBjs meus !
Isolar-se é bom, mas não por muito tempo. E dizem que isso é uma caracteristica masculina, não sei, me isolo também nas minhas profundezas.
ResponderExcluirBeijooO*
Se a solidão é um luxo, eu prefiro o lixo...rs
ResponderExcluirOdeio a solidão. Ela me mata.
Texto perfeito e bela imagem Franck.
Um beijo!
Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirMuito bom!
Já estou a te seguir!
=)
Abraços
Ótima semana!
...solidão...NÃO!
ResponderExcluirsolitude...SIM
SEMPRE...
solitude, esta companheira silenciosa,
branda, vital, necessária e essencial,
a única que nos ajuda a ouvir a voz
SUPERIOR!
nascemos sós e morreremos sós,
independente do mundo ao nosso
redor.
não há como mudar isso.
bj, moço de palavras profundas!
"Agosto passou... virás com a primavera"! Adorei a imagem poética!!! rs Eu fico feliz por não deixares de vir aqui no meu cantinho! Ultimamente o tempo tem me afastado do blogger, mas nunca perderei os laços que nos unem por aqui! Logo estarei com uma nova postagem!
ResponderExcluirA solidão... belíssimo texto de Clarice! Todos nós, de alguma forma, carregamos uma solidão dentro de nós... não aquela de está só, mas, a de muitas vzs estar acompanhado, numa multidão, e ainda sentir que nos falta algo, ou, como diria Pessoa: a sensação que nos falta nós mesmos... Abraço, meu amigo!
Adorei o novo nome (signo) do blog! rs
ResponderExcluirFranck,
ResponderExcluirEu li uma definição de solidão, que de todas é a que mais se apróxima do meu sentimento.
"Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma"
Do meu amadão Chico Buarque.
De resto, essa grande revolução que nos toma é tão somente, o medo da morte, de acabarmos, de não sermos mais pra ninguém e nem pra nada.
Definitivamente, não posso deixar de vir aqui.
Amo, amo, amo!
Bjocas
todos somos solidão. só acho que a diferença é que alguns conseguem aprender a lidar com ela, outros só sabem esconde-la melhor...
ResponderExcluirA minha solidão me faz perecer.
ResponderExcluirEu a amo e a odeio por isso.
E ficamos assim, nessa corda... tento sair do lado animal, esse texto ajudou muito, obrigado, adoro passar por aqui, bjao!
ResponderExcluirObrigada pela visita.
ResponderExcluirSeu Blog é um show!
E vi no seu perfil, que vc curte Zeca Baleiro.
Aí então, meu amigo, vc e eu estamos na mesma sintonia.
Abraço
a solidão: esse estar consigo mesmo.
ResponderExcluirNão pode MESMO sem inquieta! Isso é mergulhar no próprio eu! E ter uma infinidade do que conhecer!
adorei, como sempre frank .
=]
achei maravilhoso,eu não me sinto mais tão só assim ,sabe porque?tenho vcs por companhia,é como é lindo passear aqui e ler coisas assim divinas,adorei.
ResponderExcluira solidão.
ResponderExcluirdurante e após da leitura do gabriel garcía márquez sobre os cem anos desta danada, tenho me colocado muito a refletir sobre ela.
concluí então que a solidão é como o poder simbólico de que bourdieu falava, está em toda parte e, ao mesmo tempo, em parte alguma.
que tua solidão dure o tempo que precisar durar, para refletir, para se conhecer. que seu lado positivo seja vivido plenamente, mas que ela não seja, necessariamente, o isolar-se do mundo, das outras pessoas, de onde também vive o conhecimento, os sentimentos, a vida.
belo texto, franck. um abraço,