"Nunca lhe ocorreu ter pena de um objeto? Tenho uma caixa de prata de tamanho médio e sinto por ela piedade. Não sei o que nesse silente objeto imóvel me faz entender-lhe a solidão e o castigo da eternidade. Não ponho nada dentro da caixa para que ela não tenha carga.
E a tampa pesada encerra o vazio. Eu sempre ponho flores nas suas vizinhaças para que elas suavizem a vida-morte da caixa - as flores são também uma homenagem ao artesão anônimo que esculpiu em pesada prata de lei uma obra de arte."
(Clarice Lispector em 'Um sopro de vida', pag 125, Edt.Círculo do Livro)
E a tampa pesada encerra o vazio. Eu sempre ponho flores nas suas vizinhaças para que elas suavizem a vida-morte da caixa - as flores são também uma homenagem ao artesão anônimo que esculpiu em pesada prata de lei uma obra de arte."
(Clarice Lispector em 'Um sopro de vida', pag 125, Edt.Círculo do Livro)
Nossa, na verdade nunca senti pena. Mas já senti orgulho e cuidado. Com uma caixa de música dos meus pais, dado a minha mãe quando eles eram jovens. Quando vi a duas semanas atrás, senti a vontade de deixxar exposto no meio da minha sala. A atração, espero, foi mutua.
ResponderExcluirLispector, é a Esfinge. A Diva!
ResponderExcluirQuanto a caixa, muitas vezes me comparo a uma.
Tantas coisas a gente guarda dentro delas...
Meu beijo de bom dia Franck!!!
a proposito, franck, o problema era 20% falta de tempo, 30% falta de inspiração e 50% o fato de que tudo vem a cabeça quando desligo o note e me deito ou no onibus, dae até a hora de escrever, tudo se perdeu no redemoinho da mente.
ResponderExcluirE eu não pinto a mancha, com o vermelho não há capacidade de mudar. E eu não desgosto da mancha, eu convivo com ela e ela ja me atrai. Sem ela, eu não teria fantasia.
Convém consultar um psiquiata.
ResponderExcluirBjux
Lispector!!! Baita responsa essa tua, hein? Hehehehe! Adoro ela! Hugz, man!
ResponderExcluirha-ha! eu tenho caderno branco e com desenhos de cor preta..não utilizo pra nada..só admiro ele..não sei porque nao consigo utilizar ele ..rsrs!
ResponderExcluirbjão franck boa semana pra vc querido!
Concordo com o Wanderley Elian Lima, nada como um bom psiquiatra para explicar tal coisa.
ResponderExcluirApego a bens materiais? Valha-me Deus! Só se for algum bem de alguém muito especial, ou representando um momento especial, uma lembrança da vó que morreu, um anel ou lenço de seda, por exemplo. Agora, ficar olhando para ele, colocando flores ao lado... Parece a mim que ela pensava no esquife dela.
Um abraço!
O que posso dizer?
ResponderExcluirClarice é perfeita...a rainha dos versos.
Beijos
Na sua beleza de formas e riqueza nos detalhes, a caixa simplesmente se basta...
ResponderExcluirabço
Nunca parei para pensar nisso, talvez eu tenha pena do que eu sinta olhando para minhas coisas antigas, a lembrança causa isso, talvez pela luta, ou seja só o passado mesmo, não sei... Deixo lá... Bjo!
ResponderExcluirNunca me Ocorreu..(rs)
ResponderExcluirClarice sempre surpreendente
Boa noite Franck,
ResponderExcluirClarice acaba por não nos surpreender porque dela nascem verdadeiras obras de arte, o contrário é que seria surpreendente!
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
...hehehe tenho aqui uma caixinha colorida, onde guardo algumas memórias, lembranças, pedaços do que foi...mais parece a caixa de pandora...entonces, melhor ela ficar sempre fechada!
ResponderExcluirbjossssssss
Eu não tenho apego por nada! Eu valorizo lembranças de familia, contudo, não tenho fixação.
ResponderExcluir...ai eu me lembrei de minha filha,
ResponderExcluirque faz coleção de agendas, todas
impecavelmente virgens, porque as
anotações vão em pequenos papeizinhos
em meio as folhas alvas...rsrs
isso tbm nem Freud explica...
a ai
bj, querido!
...cadê a música do blog?
Talvez uma metáfora, muito bem construída, como tantas que Clarice fazia. Quantas pessoas vivem como caixas vazias, guardando nada em seu coração, sentindo nada, enquanto o corpo aparentemente perfeito, segue em frente.
ResponderExcluirMais preocupadas em ter do que em ser, tais pessoas foram esculpidas em barro pelo artesão divino, mas não tem alma nem valores que as justifiquem.
Eu mesma já me senti como a caixa de prata do texto em momentos de desenganos e desespero. Morte-vida... uma solidão que toca a eternidade, um vazio abissal.
Oi, querido Frank, já ia dormir, mas resolvi passar aqui e te dar um beijo de boa noite.
Beijoka, meu sensível amigo.
Sim, sim! Adoro Clarice Linspector!
ResponderExcluirBeijo!
ah, clarice
ResponderExcluirnatural, sincera de dentro...
beijos,
grato pela degustação!
fique com Deus!
do menino-homem
Nunca tive pena de objetos, mas depois de ler esse trecho de Clarice Lispector me venho a cabeça uma prima minha, ela sim deve ter dó de objetos. A casa dela é cheia de velharias, ela guarda tudo, mas tudo que você imaginar.
ResponderExcluirBeijooO*