Na casa adormecida, tomo café preto para espantar o sono e ouço pela vigésima vez uma música, como se fosse um mantra, nesse fim de noite. É sempre nas madrugadas que a solidão chega, quando os cães estão silenciosos, as luzes apagadas, portas e janelas fechadas, quando estou de banho tomado e perfumado, como se fosse para esperá-lo. Olho mais uma vez a rua deserta, uma brisa balança o jambeiro em frente á casa, na esquina alguém e o meu coração dispara trezentas vezes por segundo até ter a certeza que não é você, você com aqueles seus passos curtos, mãos nos bolsos e os cabelos encaracolados esvoaçando ao vento... É assim, desde que você se foi, numa madrugada como esta, a casa silenciosa como agora, essa música que foi nossa trilha sonora e que agora ouço como se ouvindo-a você fosse chegar como se nem tivesse partido, mas você é o culpado dos meus medos agora, culpado por suas ausências, culpado da minha solidão... Você que encontro apenas na moldura da minha insônia e que tento encontrar não como uma fotografia em sépia, mas colorido como foste um dia. Por onde andas? Hoje o procurei no asfalto fumegante das avenidas sob o sol do meio dia, no vídeo-clip alucinante da cidade às seis horas da tarde, nos cálices transparentes de vodca de alguns bares que sem rumo perambulei...
Lembro de você, vivo e pulsante e o quero assim, não o viajante perdido e solitário em algum porto, mas que traga na sua babagem seus livros, seu violão, suas histórias desses sete mares, seus versos inacabados, seu último segredo. Recompensarei quem tiver e mandar-me notícias sua, como prêmio darei vários números de telefones, emails, um blog, meu silêncio lua cheia de verão, minha camiseta mais transada e a felicidade de um pôr-do-sol alaranjado, iluminando a nossa face.
(by, franck)
ótimo texto franck... um ritmo único, uma visão singular, uma vida a sós... como o artista deve saber... Abraço, Jacson.
ResponderExcluirAdorei especialmente
ResponderExcluir"Você que encontro apenas na moldura da minha insônia e que tento encontrar não como uma fotografia em sépia, mas colorido como foste um dia. "
Bjins entre sonhos e delírios
Ahhhh Franck, e a saudade dói não é???
ResponderExcluirQuantas vezes me senti assim, em algum lugar do meu passado?
Se eu pudesseeeeeeeee encontrar essa pessoa pra você meu querido...ahhh Franck..
Inimaginávelllll meus dias sem a sua poesia, sua presença, seu carinho!
Um beijo enormeeeeee, meu querido!
P. M.!
ResponderExcluirNão sou uma moça muito prendada, nem tenho a boca muito limpa... Minha mãe Suzana não me ensinou muito bem certas coisas... ela vive sempre tão abstraída...
Mas, é isso aí! Você fez pra mim!
E eu que achava que bruxa era só a minha mãe.
E eu que achava um punhado de coisas...
Lily
Pega seu selo na no Espelhando e Espalhando amigos.Esta la desde semana passada.
ResponderExcluirolá! o que é mantra e o que é jambeiro? gostei do texto. abraço
ResponderExcluirFranck, porque ousar para fazer tipo não rola pra mim. Eu não me senti confortável, se usasse não ia ficar à vontade.
ResponderExcluirAh, num banco não dá mesmo para ser tão diferente. Mas eu trabalho em escola e meus acessórios fazem mó sucesso com minhas alunas ;)
Ahhh... saudade dói, né? Puxa, sinto saudade de tanta gente, de tantas coisas... Seu texto me deixou com a visão embaçada, me fez ir num passado não muito distante que ainda me derruba.
BeijO**
oooooo texto bonito!
ResponderExcluirnão sei como é sentir esse tipo de saudade. sempre me vejo jovem demais para coisas como essa. mesmo sendo assim, dramática como sempre fui. acho que é coisa de escritor mesmo.
falando nisso, tenho uma pergunta para voce, frank: já enviou algum trabalho para uma editora? ou então, tem alguma coisa publicada?
sempre vejo tuas linhas num livro de verdade, da estante de uma livraria.
abraço :)
Ahh, vou procurar uma foto da meia para postar lá.
ResponderExcluirhttp://www.umpontoforadacurva.blogspot.com/
Decodificar, o quê? Não há nada para ser decodificado. Tudo tão claro feito a minha praia, que chega a arder os olhos. Eu sei que tu sabes... conheço pessoas espertas a metros e metros de distância. O P.M. é palavrão. Eu não ia enfeiar seu Blog. Obrigada, obrigada! Que lindo você ler meus textos para uma amiga ao telefone. Eu também já fiz isso com alguns seus e de outra pessoa. Li para a minha mãe que está aí, mais perto de ti que eu. Ai, que dor. Saudade dói. Eu sei que dói. A todo imigrante é dada a medalha de honra ao mérito de tanto sofrer de saudade, porque a gente não sofre por uma pessoa ou uma situação. A gente sofre por várias pessoas, pela terra que não se pisa mais, pelo clima, pelas frutas (as bananas!), pelo cheiro, pela Língua, pelas lembranças que acabem se dispersando. A gente sofre porque a gente sabe que não quer voltar.
ResponderExcluirUm abraço, Franck! Eu ainda vou chegar aí com mais três. Fique tranquilo, ficarei num hotel.
Os Catadores de Conchas... Inesquecível Penélope! Você não vai conseguir parar de ler.
E eu aqui, entulhando teu espaço com minhas palavras e hoje eu tenho que trabalhar até à noite.
Fui!
Mas que lindo...te prometo que procurarei muito, muito para te deixar feliz...!!!Mas não precisa de recompensa não...
ResponderExcluirbeijos com carinho e alegria!
Bia
...se for para vê-lo feliz,
ResponderExcluirprometo vasculhar o universo para
saber do teu amor.
se bem que...
quantos olhares vivem por aí
dispersos em busca do teu?
...
querido,
vou lhe enviar por email o modo
de colocar midi no blog.
e só seguir as instruções que lhe darei
mastigadinha.
e a música lá de casa é Zé Ramalho, sim.
"wigwanparadylan" é o nome.
linda né?
bj
Que lindo. De uma sensibilidade extraordinária, creio que todos temos um grande amor, que lá no fundo desejamos rever entrando pela porta, assim, como se nunca tivesse saído. Ou então alguem novo com aquele velho sentimento, já não sentido há tanto: amor... Lindo! Bjao!
ResponderExcluirOlá menino
ResponderExcluirE o tempo não passa, e o sol não chega para acabar com a agonia da espera, que já sabemos inútil.
Bjux
Lindoooooooo!
ResponderExcluirNão tenho palavras...´
Beijinhos
Melhor coisa é estar um tempo longe e quando voltar me deliciar com um texto seu... Bom fim de semana, cheio de corações batendo na garganta... beijo!
ResponderExcluirBelo texto viu...abraços
ResponderExcluirAdorei o texto.
ResponderExcluirAdorei conhecer aqui.
Abraços, Jay e Alê
Lindo, profundo, e emocionante texto!
ResponderExcluirMe vesti com teus versos que couberam
certinhos em mim... Aplausos a ti!!!
Carinhos meus pra você... Bjsss
A madrugada é cruel, bate fria e triste, traz mais solidão ainda.
ResponderExcluirQnt coisa me lembro nesse funesto horário.
Amigo, tenho orkut sim, não dá p pôr o link por aki q dá erro, faz o seguinte, vai na minha pg CONTATO, lá tm o link do meu orkut.
:*
Eu li o seu comentário em Asas de Angelo.
ResponderExcluirObrigado, o seu espaço é tão colorido, tudo cheio de perspectivas, gostei daqui tbm.
Meus parabéns!
Bom fim de semana, amanhã já é sexta!
Aproveite.
Abraços.
Franck...
ResponderExcluirEssa solidão...
é tão triste...
essa solidão...perfumada...de banho...
de passos alheios...que não chegam...
é tão triste...
mas...sabe...somos sozinhos...
e precisamos lidar com essa angústia...
de sabermos sós...e atirados em um mundo...
aparentemente completo...
Beijos
Adorei as suas palavras...
Beijos...
Leca
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ResponderExcluir.
ResponderExcluirTenhos paixão pelas palavras e as encontrei tão belas por aqui. Gostei e fico.
Bem-vindo no meu cantinho!
Te recebo. Me recebes.
Deixo sorrisos
.
.
Ai, Franck
ResponderExcluirque texto lindo, lindo, lindo. E ao mesmo tempo angustiante e doloroso, sem deixar de ser belo.
Lendo o seu texto me lembrei de um poema que acho lindo, com o mesmo título do seu post, de uma das minha poetas favoritas, Sophia de Mello Andresen (não sei se você conhece, mas recomendo):
Ausência
"Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."
E tentar nesse momento responder a pergunta que você deixou lá no Devaneios, é praticamente impossível, mas eu vou conseguir em algum momento e no mínimo renderá um bom texto!
bj
e obrigado por nos presentear com essas lindas palavras!!!
É.. eu tambem escute 'N' vezes a mesma musica, e concordo que a solidão chega na madrugada. Sou assim tambem rsrs Vamos nós com essas manias entao :) beijao Franck
ResponderExcluirSabe, Franck, no que eu estava pensando, lendo todos os comentários? Eu estou aqui pensando que, inclusive eu - é claro -, esta gente toda que gosta de escrever é meio insana, não é? Ou bem insana. Nós somos loucos, Franck, e ninguém - lá de fora - diz. Mas, somos. A gente sente tanto, inventa uns amores, cria umas situações, embola ficção com realidade, confunde as palavras que tanto idolatra, troca as letras por tapas ou beijos, ou o contrário, perde noite de sono (estou dentro de um horário absolutamente normal, aqui são 22:47. Eu até queria saber qual a hora que sai aí). Continuando... somos de uma sensibilidade absurda, lemos por entrelinhas, um pingo pra gente é letra e uma letra é uma frase inteira... um parágrafo, um livro. Somos exagerados, pensamos demais, escrevemos demais (olha eu aqui, por exemplo), enfim, nos matamos o tempo todo nesta brincadeira de escrever. O que você me diz? Somos insanos? Somos normais?
ResponderExcluirBeijos!
Poxaaa, adoreeeei... muito boom!!! Tava sentindo sua falta ja lá no meu cantinho... que bom que apareceu... e espero que a pessoa apareça também! :D
ResponderExcluirAusência (Carlos Drummond de Andrade)
ResponderExcluirPor muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência./ A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.
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Passei por aqui para dizer que estou seguindo: "mari" (florzinha azul) - senha: "Café da Manhã em Plutão".
Bem bonito o que você escreveu. É justamente a angústia da falta e o esperar pela sua completude que move o sujeito, o faz permanecer desejante.
ResponderExcluirFrank, sobre os dois filmes que você comentou, vi apenas "Milk", já faz algum tempo, mas me lembro bem. Achei a proposta muito boa, principalmente por tratar-se de fatos reais, mas há detalhes do roteiro que não me agradam, dentre eles o uso de poder que o personagem do Sean Penn faz. E tu, gostou?
abraços
Muito delicadas as suas palavras. Ficou lindo. E se a intenção foi tocar alguém, funcionou demais comigo.
ResponderExcluirBeijooO*
Obrigada pelo tempo que gastastes digitando texto tão longo. Adoro as crônicas da Clarice. Adorei a tua insanidade. Adorei receber um texto tão associativo.
ResponderExcluirMeu querido...
ResponderExcluirVerdade ou ficção? Poema ou desabafo? Poeta ou protagonista? Bem, a verdade é que o texto é envolvente e fala da saudade e da espera de todos os que, um dia, amaram. Nada arde mais no peito do que a saudade, nada nos faz mais alucinados e perdidos do que a ansiedade do reencontro, possível ou não. "... essa música que foi nossa trilha sonora e que agora ouço como se ouvindo-a você fosse chegar..." e eu acrescento: como se ouvindo, ele também ouvisse e assim lembrasse do que não consigo esquecer.
Ah! Já senti isso tudo... e dói!
Tomara, seja tudo coisa de poeta...
Um fds do jeito que vc espera que seja.
Beijos, querido.
Você consegue definir os pontos ideias para se sentir a solidão de uma forma romantica e apaixonante.
ResponderExcluirParabéns pelo seu dom...
Abraços
Walter.
Ain queria tanto a felicidade de um pôr-do-sol,
ResponderExcluiradorei as recompensas, pra te deixar feliiz vou ate procurar.
Beijoo meu.