..."porque mistérios há de sempre pintar por aí/até que nem tanto esotérico assim"...
(Gilberto Gil: 'Esotérico')
Querido Sílvio, esta carta será escrita para o limbo, é assim que eu a sinto. Uma mensagem numa garrafa ao mar, eu o náufrago, a garrafa ao mar porque os correios estão de greve, a carta ficará perdida entre milhares, milhões, num congelamento, suspensa, e não deixa de ser mágico o momento de você recebê-la, depois dela ter ficado ali, esquecida. O náufrago sou eu, e já há tempos fabrico minhas bonanças, nem que seja pelo desencadear de outras tempestades, como no caso do emprego.
Talvez fosse demais repetir, mais trata-se de um sentimento e não de uma cobrança, pressão, exigência ou súplica: seria, melhor, você faz muita falta aqui, às vezes... sentir sua falta é um sentimento difuso, por vezes agudizado: uma noite, um fim de noite, uma paisagem noturna (nossas são as noites, e não os dias). Gostaria de levar você na casa de Elizabeth e Andréia, minhas (atualmente únicas quanto à convivência) amigas; como um namorado meu, introduzir você neste círculo de convivência tão legal (mas à noite também movem-se as sombras, e me (re)descubro egoísta, sentindo sua falta, você aqui intensamente para depois como que renegá-lo, uma vez que você não está próximo e talvez não saibamos quem somos).
Estou quase terminando a biografia do Foucault (muito interessante). Na fila, a 'História da Sexualidade - 1' - a vontade de saber, dele, começada e interrompida e mais uma tentativa de leitura do difícil Lacan (mas mistérios sempre há de pintar por aí).
O último filme (em vídeo) foi o maravilhoso 'A malvada', com Bette Davis ( em algum lugar de mim, um alter-ego) e 'Henry & June, lindo e lindo. Está passando em cineclube 'Cinema Paradiso', e penso em revê-lo pela terceira ou quarta vez (isto é, não sei se irei ou não,me faria bem!).
Em tempo: Julinha não pertence mais a este mundo (noutra carta comento a história desta frase) perdi minha pianista particular e amiga- e não posso dizer o que é esta perda, é e foi. Mas aguardo uma carta sua, falando de você, de mim e de nós. Encerro aqui, sob o signo da perda, do abandono. Seu perdido. Beijos.
Franck.
PS: Sílvio, para quem escrevi e nunca enviei essa carta, não pertence mais a este mundo (?), hoje, 17/07, fazem cinco anos que ele se foi para alguma nuvem ou buscar o fim do arco-irís...
..."a lua completa mais de uma volta pelo zodíaco. E o anjo pálido troca o mel pelo sal"... (Caio F. Abreu)
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Olá meu caro Franck,
ResponderExcluirsua carta fikou perfeita.
Fikei tristecom o ps
"PS: Sílvio, para quem escrevi e nunca enviei essa carta, não pertence mais a este mundo (?), hoje, 17/07, fazem cinco anos que ele se foi para alguma nuvem ou buscar o fim do arco-irís... "
Mas fikou mt bonita todas as sensações.
Fico feliz q vc tenha gostado do desafio e dos selinhos.
Tenha um ótimo fds.
@vanimonique
:*
Franck, Franck,
ResponderExcluirEu preciso ligar o meu laptop, nem que seja uma vez ao dia... aí... inventei de visitá-lo e encontro uma carta para mim. É para mim e ponto. Eu não me importo muito com o nome do destinatário escrito no envelope. Se chegar às minhas mãos, é minha!
Beijos!
P.S.: escreva mais!
nossa, eu ia responder que o próximo capítulo da minha saga romântica só vem depois do dia 27. Porque vou pra roça na próxima quinta e volto na terça-feira. Mas depois de ler seu post, acho melhor não falar disso. rsrs.
ResponderExcluirVc conseguiu encher meus olhos de lágrimas. Que carta maravilhosa, pena não ter enviado. Pena ter perdido o Sílvio. Nessas horas prefiro acreditar que as coisas tem seu propósito. Paz.
Bjoo
Aos que partem, entregamos nossa alma em texto de energia, oração e luz.
ResponderExcluirBelíssimo Franck!
Admiro sua postura em expor algo tão íntimo e confessional aqui. Compartilhar esta dor e angústia com todos nós não deve ser fácil. Sinto muito pela sua perda, Franck. Foi uma pena a carta nunca ter chegado às devidas mãos.
ResponderExcluirAbraços!
Ah, as cartas, Franck, quantas eu já esvcrevi e não enviei... São tantas e tantas coisas pra dizer, mas às vezes percebemos que nunca devem sair do papel ou do arquivo guardado no computador.
ResponderExcluirAdorei!
Beijos!
Maior frio aqui na serra, hahahaha... brrrrrr
Nunca é tarde para escrever as palavras não ditas... linda carta!
ResponderExcluirBom fim de semana!
Franck, sua sensibilidade é extraordinária!
ResponderExcluirMe fez lembrar de muitas cartas que escrevi para uma amiga, cartas que "se perderam" porque eu não sei exatamente em qual nuvem ela está.
Um ótimo fim de semana; beijinhos.
Boa noite Franck,
ResponderExcluirÁs vezes estas coisas acontecem e fica a sensação que algo ficou por dizer.
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
Olá Franck, é sempre uma alegria imensa visitar seu espaço. Que carta linda, muitas verdades que nem sempre temos coragem de dizer, por vezes tão bem expressas num pedaço de papel, mas..., porque não a enviou quando a escreveu? Abraços e uma ótima semana.
ResponderExcluiroi Franck, tudo bem?
ResponderExcluirMenino, linda sua carta, deu até vontade de escrever uma, rsrs
Ah menino, eu tbm quero é tudo, sou egoísta nesse ponto, rs
Abraços querido
O que escrevi, escrevi.
ResponderExcluirFez-me pensar nas nossas cartas, nas suas que mais pareciam contos que propriamente cartas.
Abraços,
dificilmente conseguiria expor algo assim no blog. Fico surpresa com sua coragem. Texto lindo e reflexivo. Sempre gosto daqui! E sempre gostarei eu suponho!
ResponderExcluirbeijinhos
"Talvez fosse demais repetir, mais trata-se de um sentimento e não de uma cobrança, pressão, exigência ou súplica: seria, melhor, você faz muita falta aqui, às vezes... sentir sua falta é um sentimento difuso..."
ResponderExcluir*-*
Foi de verdade, uma emoção em tanto ler isso...
Pela realidade e sentimento que me passou, e esse final que assusta um pouco.!
Fico sem ter o que dizer...
Muito forte, transporta nossos sentimentos para o momento do texto, sem palavras!!!
ResponderExcluirTudo de bom!
Olá Franck! Perdas são difíceis de se lidar, talvez uma das coisas mais complicadas na vida, mas o que importa mesmo são os momentos passados juntos. Ótima carta.
ResponderExcluirAbraço!
Nossa!
ResponderExcluirÉ pra se refletir...
Acho q mta gente guarda uma carta especial, ainda q nao tenha sido escrita.
=)
bjo e bom domingo!
Tocante ,não só o contundente póst teu,assim como em comentários meus,a recíproca em sentir nosso esse,da perda de semelhantes,morrendo,não da natural morte ,mas do descaso repugnante desses governantes,todos?ou quasiiiiiiiiiii?
ResponderExcluirEm mission du moi,mon amie,não só no do morro fubá ,em niterói RJ,mas em Angra,em Santa Catarina,em Porto Princípe,África do Sul,(onde impera uma droga mui mais mortal que o crack,gerações dizimando,participo como ativista voluntário,não só de cataclismas socorrer vítimas,mas das sopciais tragédias,mui mais vítimas,absorvo o fel de cometário teu e teu sentir,de dadas mãos estamos,monamie!
vivre la vie
te abraço meu amigo!
uma linda carta, em vão,
ResponderExcluirdesculpe Franck,
você demorou muito pra mandar!
imagino que te deixo mal
houve propósito
gostaria imensamente que nao acontecesse de novo.
coisa que eu mesmo estou aprendendo
na marra.
o pior sentimento em relação ao amor é o arrependimento de não fazer alguma coisa por ele. é o que causa todos os males: dor, saudade, solidão.
todo o resto faz bem.
penso que valeu você postar. redime.
um beijo,
so começando a ler...
Achei que tinha conseguido postar um comentário a este post. Pelo visto não. Tentando novamente:
ResponderExcluirAs cartas que não enviamos, penso ser as que sejam as que mais nos revelam. E estes são dias muto dificeis para se revelar.
Felizmente, vez por outra, um arrebatamente exige que estejamos de peito aberto. Para o que der e vier (e se alguem vier e der, melhor ainda)
Admiro seu desnudar tão poético.Tâo intenso.
Sobre as referências psicanalíticas, posso te segredar que, quando a complexidade que me anima se torna insuportável, me atiro na complexidade de outras linhas. A ciência, a razão, a lógica me distrai.
Cinema Paradiso. Ah, acho que é a melhor tradução de sensibilidade em frames. Aquele H-menino e sua nostalgia parecem redimir o adulto de qualquer falta e desabores.
Em resposta a sua última ressonância:
É verdade, as coisas tem se ajeitado de forma especial por aqui. Já era hora de certo sossego em meio a tantas sentimentalidades, muito embora sossego não exista no peito agitado de que está apaixonado. (sem muita certeza se esse é o termo mais adequado para meu estado peculiar, mas me encontro disposta aos arroubos de paixão, como diria Chico e um certo choro bandido...)
Abraços, abraços. Desejando que tudo melhore nesse domingo blue. Pq vc já me é muito caro!!!
Mônica
Olá Franck!
ResponderExcluirGuimarães sábio como era estava coberto de razão quando escreveu que "viver é perigoso" (e como, rsrsr)
Linda a sua carta... acho que ás vezes as cartas são o melhor meio para que possamos dizer, ou ao menos soltar o que sentimos e pelo o que estamos passando, mesmo que não sejam enviadas ou quem sabe sejam entregues algum tempo depois de escritas!
Seguindo vc tbm!!!
Abraço
Bem Franck...
ResponderExcluirhj minha alma esta livre,
me sinto nua , sem anda que me cubra
e tambem estou sem nenhuma amarra.
Hoje mais que smepre Sou a que nasci pra Ser
e é assim que falo sobre seu post.
Não creio em tempo perdido, nem coisas que deviam ter acontecido e aprendi que o 'SE" não existe, é hipotetico e assim sendo não ha certeza de que sera ou que acontecerá.
Essa carta não saiu de suas mâos pq não tinha que sair e se saisse não chegaria ate o destinatario e voltaria pras suas mãos.
Eu por exemplo não estaria sendo agraciada com a leitura da mesma hoje, que ela me é essencial.
Vivo um momento de entender que a pagina da vida girou.Que aspessoas do passado, estão definitivamente no passado.E que a slembranças so devem ser alimentadas as que me são boas de lembrar.Viajei nesses momentos bons que compartilhou nessa carta.Cartas que amo escrever e amo ler,tenho um enorme maço que luto para não reler para não queima-las,pq sofro apensar de nelas so ter escrito coisas boas de lembrar...um dia la no passado pegeui muitas e junto com lindo passado as queimei e deixei as cinzas voarem numa linda noite d eluar,mas por dentro eu morri um pouco nessa noite linda...Amo cartas pq são exatamente TESTAMENTOS.
Sou grata Franck, por sua GENEROSIDADE em compartilha-la conosco e egoisticamente peço licença a seus leitores e leitoras p dizer que a expos pra mim.Vc não sabe,mas eu Sei.
Se falei muito, perdoa essa amiga ...
Bjins entre sonhos e delírios
Ai..como eu me emocionei com esta carta Frank...tenho algumas delas, que ás vezes escrevo para pessoas que se foram...foram para lá, sabe, até o finalzinho do arco-iris fazer cafuné em Deus...escrevo só pra não morrer de saudades, parece até que estou falando com eles...e quer saber...estou mesmo...
ResponderExcluirAmei, e me emocionei...
bjosssssss
Maravilha de carta, pena que nunca fora entregue. Assim como você, também tenho muitas cartas que jamais foram entregues, talvez um dia as entregue.
ResponderExcluirEstava com saudades daqui.
Muita, muita paz!
Isso é lindo.
ResponderExcluirVc não conseguia me acessar porque mudei de blog agora meu novo blog se chama Rasuras.
BeijooO
franck, como tuas palavras emocionam. senti um aperto, uma saudade e uma cumplicidade imensa ao ler esta carta que, até esta postagem, poderia se considerar perdida.
ResponderExcluiruma carta que fala de distância a alguém que o tempo se encarregou de por à distância. mas ao mesmo tempo uma carta que fala de sentimentos presentes. parece confuso.
sempre quis escrever uma carta em uma garrafa e jogá-la ao mar. talvez eu nunca tenha feito isso por medo de esperar para sempre por uma resposta que poderia não vir. isso seria doloroso, como imagino que esteja sendo agora a ti.
por que a carta não fora enviada? bom, ainda assim, acredito que lá daquela nuvem para onde o silvio foi, ele deve já ter conhecimento do que tu sentiste e o que escreveste, e os arco-íris, devem ser formas alegres de agradecimento.
um abraço,
gente frak, esta carta realmente já existia a tanto tempo? como você achou? deve ter sido um grande emoção reencontra um escrito de tanto tempo, ou talvez você a lesse todos os dias.
ResponderExcluirQue encando esse das letras, faz agente imaginar mil possibilidades