"Meus heróis morreram de overdose."
(Vinte anos sem Cazuza)
Na tarde do dia 19.01.82, fazia muito calor nesta cidade, era uma tarde normal de um dia normal e não passaria disto não fosse a notícia trazida por um colega de escola. Notícia que alterou significativamente, não só aquela tarde como também minha cabeça. ELIS MORREU. Foi como se ele tivesse fincado uma faca em meu peito. Lembro apenas que falei: 'fiquei orfão'. Daquele momento em diante, quem cantaria minhas dores?
Apartir daquele dia, me agarrei a Caetano Veloso, como se fosse um 'coelho de pelúcia', comecei a curtir Caetano adoidamente, até que um dia, caminhando pela cidade mendigando carinho, atenção, afeto, escutei uma música que vinha de uma loja de discos; chamou-me atenção uma frase: 'ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida'... Entrei, perguntei quem era e a balconista estendeu-me o disco: Barão Vermelho. Era completamente desconhecido para mim, mas eu queria. Em casa escutei todo o disco e fiquei de quatro. Poesia viva. Havia sangue, pulsação, suor, dor, lágrimas em cada sulco do disco. Naquele momento tornei-me um macaco do CAZUZA.
Na manhã do dia 07.07.90, uma manhã cinzenta nesta cidade, a locutora da rádio interrompe a programação e comunica: 'Gente, Cazuza morreu!'. Sentir uma tristeza, um nó na garganta, mas em vez de chorar, comecei a cantar 'Maior abandonado', 'Condinome beija-flor', 'Exagerado' e tudo que lembrava. Sair, fui para a rua, olhei para o céu, para a cara das pessoas caminhando nas calçadas, para o policial controlando o trânsito. Parecia que nada tinha acontecido. Sentir vontade de gritar: 'Morreu um tremendo poeta, morreu um cara que acreditava no amor e apostava na vida. Morreu uma idéia, um estilo. E eu estou viuvo!' Mas eles não entenderiam nada. Eles estão corroidos pelo sistema. Quem me consolaria? Caetano Veloso? Angela Rorô?
A geração de 60 e 70 fizeram minha cabeça ao romperem com todas as barreiras impostas. Mas o cifrão corrompeu nossos sonhos de ideologia. Fomos atropelados na estrada quando começamos atraver-nos a andar de mãos dadas pelas avenidas, as patas sujas e pesadas do cifrão pisotearam nossas cabeleiras floridas. Não há mais com o que sonhar. Quando Lennon proclamou o fim do sonho, eu ri, porque acreditava que após o término de um sonho aconteceria outro e outro e ad infinitum. Hoje reconheço o quanto Lennon estava certo.
Resta-nos, resta-me homenagear Elis e passar o dia ouvindo-a, resta-me homenagear Cazuza e ouvi-lo o dia inteiro no dia 07/07, dia de vinte anos sem ele, que façamos isso, ouvi-lo nesse dia!
(by, franck)
Na tarde do dia 19.01.82, fazia muito calor nesta cidade, era uma tarde normal de um dia normal e não passaria disto não fosse a notícia trazida por um colega de escola. Notícia que alterou significativamente, não só aquela tarde como também minha cabeça. ELIS MORREU. Foi como se ele tivesse fincado uma faca em meu peito. Lembro apenas que falei: 'fiquei orfão'. Daquele momento em diante, quem cantaria minhas dores?
Apartir daquele dia, me agarrei a Caetano Veloso, como se fosse um 'coelho de pelúcia', comecei a curtir Caetano adoidamente, até que um dia, caminhando pela cidade mendigando carinho, atenção, afeto, escutei uma música que vinha de uma loja de discos; chamou-me atenção uma frase: 'ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida'... Entrei, perguntei quem era e a balconista estendeu-me o disco: Barão Vermelho. Era completamente desconhecido para mim, mas eu queria. Em casa escutei todo o disco e fiquei de quatro. Poesia viva. Havia sangue, pulsação, suor, dor, lágrimas em cada sulco do disco. Naquele momento tornei-me um macaco do CAZUZA.
Na manhã do dia 07.07.90, uma manhã cinzenta nesta cidade, a locutora da rádio interrompe a programação e comunica: 'Gente, Cazuza morreu!'. Sentir uma tristeza, um nó na garganta, mas em vez de chorar, comecei a cantar 'Maior abandonado', 'Condinome beija-flor', 'Exagerado' e tudo que lembrava. Sair, fui para a rua, olhei para o céu, para a cara das pessoas caminhando nas calçadas, para o policial controlando o trânsito. Parecia que nada tinha acontecido. Sentir vontade de gritar: 'Morreu um tremendo poeta, morreu um cara que acreditava no amor e apostava na vida. Morreu uma idéia, um estilo. E eu estou viuvo!' Mas eles não entenderiam nada. Eles estão corroidos pelo sistema. Quem me consolaria? Caetano Veloso? Angela Rorô?
A geração de 60 e 70 fizeram minha cabeça ao romperem com todas as barreiras impostas. Mas o cifrão corrompeu nossos sonhos de ideologia. Fomos atropelados na estrada quando começamos atraver-nos a andar de mãos dadas pelas avenidas, as patas sujas e pesadas do cifrão pisotearam nossas cabeleiras floridas. Não há mais com o que sonhar. Quando Lennon proclamou o fim do sonho, eu ri, porque acreditava que após o término de um sonho aconteceria outro e outro e ad infinitum. Hoje reconheço o quanto Lennon estava certo.
Resta-nos, resta-me homenagear Elis e passar o dia ouvindo-a, resta-me homenagear Cazuza e ouvi-lo o dia inteiro no dia 07/07, dia de vinte anos sem ele, que façamos isso, ouvi-lo nesse dia!
(by, franck)
"..Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos, estão no poder!!!!!Ideologia, eu quero uma pra viver..."
ResponderExcluirAh,devia mesmo era ser nosso hino nacional!
Amo Cazuza, embora tenha pego ja o finalzinho de sua exsitencia, mas amo cada letra de suas musicas...
Incomparável!
bjossssss
Um verdadeiro revival dos anos 70 e 80. Tudo isso me arrepia.
ResponderExcluirBeijooO*
Cazuza.. me curvo toda vez que falo o nome desse genio =) Maravilhoso! Obrigada sempre pelos conselhos la no blog!
ResponderExcluirAcompanhei de carteirinha toda a trajetória do Cazuza... De certa forma, sou um sobrevivente dos anos oitenta (em vários sentidos)... Deixo-te um bilhetinho azul, Franck, e meu desejo de uma ótima semana para nós! Abraço.
ResponderExcluirGrandes cometas q fizeram e ainda fazem a verdadeira diferença aos nossos ouvidos.
ResponderExcluirbjo
de paz
da
LizA
Uma postagem bem intensa e cheia de sentimento... Tudo o que a gente pode fazer é continuar ouvindo as músicas antigas e não deixar que elas caiam no esquecimento, eu acho.
ResponderExcluirAdoro ler teu blog, sempre tem algo interessante escrito de uma maneira gostosa de ler, parabéns :)
Cazuza era incrível, representou uma época muito bem, obrigado. Foi surpreendente em tudo e nos deixou alguns legados bons.
ResponderExcluirMuito bom o seu post.
Beijos!
Bom início de semana.
E viva!
ResponderExcluirMas sabe, estive na cidade de Vassouras ,
a 3 anos passados.A familia ia trabalhar eu eu ainda me deixava ser arrastada por ela de cima pra baixo.La nesse vez, sai cidade a dentro sozinha(falando assim ate parece que é grande a cidade, é nada)
Fui parar na casa de Cultura local, la estava acontecendo uma exposição .nada mais nada menos que de:CAZUZA.Nossa! Qaunta coisa!Deguitarra a roupa com ele foi batizado.Fiquei encantada, descobri um livro numa vitrime, era de Clarice e tinha anotações de Cazuza, gente ! Como eu ele conversa com os autores.La estava escrito alguma malcriação dele pra Clarice!Dizia: Dessa vez vcvai me desculpar,mas discordo de vc.
Intrigada quis saber q livro era,dai a propria secretaria de culturaabriu a vitrine e mandou fazer uma etiqueta a meu pedido para expor pra os visiante.Eu como sempre me metendo em tudo.
Logo um alvoroso me fez querer sair logo dai,mas antes perguntei pq da exposição. Me informaram que Cazuza nascera naquela casa, era periodo de aniversario dele e a familia que ainda mora em Vassouras acabara de chegar para visitar a exposição.Nossa! Adorei viver esse momento. Ah sim! O Nome do livro? Vou ver onde esta anotado(num caderno de capa vermelha )e digo depois.
Bjins entre delírios e delírios
Ideologia,,,eu quero uma pra viver.....abraços de boa noite,,,lembro me desse dia tambem....
ResponderExcluirwww.olivrodosdiasdois.blogspot.com
No Multishow tava passando umas coisas dele um dia desses. Acho o trabalho dele massa e a historia de vida dele também.. no esquecimento ele nunca vai parar #FATO
ResponderExcluirOlá menino
ResponderExcluirTodos já falaram tudo.
Bjux
Franck,
ResponderExcluirQue beleza de escrito!
O nosso Cazuza certamente cantaria esse postado ou se encantaria com ele!
um abraço, Marluce
Oi, Franck!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho tão especial. A poltrona, sim, já é sua! Estou numa fase de reencontro comigo mesma, uma fase íntima demais, ando com a emoção exposta... Acho até que é o meu primeiro encontro comigo mesma! Obrigada por existir, por me acolher e por ter me apresentado Nina Simone!
Um grande abraço,
Suzana/Lily
O cazuza é incomparável =) maravilhoso texto amigo
ResponderExcluirse cuida e uma ótima semana para você
Os bons morrem jovens...assim parece ser...
ResponderExcluirVamos ouvir Cazuza amanhã, então. Tá combinado...rs
Beijos Franck!
Cazuza, Caetano, Angela, Elis...
ResponderExcluirChico, Bethânia, Gal, Marisa,...
Somos muito ricos! Isso é Brasil!
Beijo, Franck querido!
e os bons acabam morrendo jovens não? Injustiça, porque hoje em dia pra sair um artista que preste é como acertar na loteria.
ResponderExcluirNão fazem mais musicos bons como antigamente.
Frack, hj estou quase 100%, mergulhei nos blogs,na composição poetica.Minha alma esta em festa...parece por vezes criança peralta, por outras...gente grande que apronta tanto,
ResponderExcluirmeus olhos hoje tem um brilho que adoro quando acontece.E nesses tempos assim gosto d ouvir exatamente Cazuza que é o que faço desde cedinho...essa letra é uma das que adoro.
Cazuza
Composição: Cazuza
Poetas e loucos aos poucos
Cantores do porvir
E mágicos das frases
Endiabradas sem mel
Trago boas novas
Bobagens num papel
Balões incendiados
Coisas que caem do céu
Sem mais nem porquê
Queria um dia no mundo
Poder te mostrar o meu
Talento pra loucura
Procurar longe do peito
Eu sempre fui perfeito
Pra fazer discursos longos
Fazer discursos longos
Sobre o que não fazer
Que é que eu vou fazer?
Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva - viva!
Direi milhares de metáforas rimadas
E farei
Das tripas coração
Do medo, minha oração
Pra não sei que Deus "H"
Da hora da partida
Na hora da partida
A tiros de vamos pra vida
Então, vamos pra vida
Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva - viva!
http://www.youtube.com/watch?v=aV2bHDynx58&feature=player_embedded
Passando por aqui de novo, só pra saibas que és sempre uma de minhas casas preferidas para visitar...!
ResponderExcluirbjossssssssssss
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFranck....
ResponderExcluirJá te falei que vc é um dos frequentadores mais queridos do meu blog?
Sim, vc é!
Seus comentários sempre me deixam o desejo pela interlocução. E isso confere mais sentido ao meu escrever.
Sobre o canal das mensagens. Acho que o canal é o ideal pra mim, mas desconhecido pro meu receptor. Entretanto,tenho pensado: se ele não consegue ver o que é tão flagrante (até mesmo no canal dele) não tem sentido mandar mais sinais.
E o que escrevo acaba por ser apenas o exorcizar de uma inquietação que já finda.
Abraços, querido!
adimiro o cazuza *-*
ResponderExcluirFranck estou com problemas em comentar e postar. volto depois. Nem sei se este comentário fica.
ResponderExcluirabraço
Oi Franck q saudades de vc e dos seus textos.
ResponderExcluirFikei sumida por causa do meu pc q tava um caos,nem ligar ele ligava,mas tô de volta,ainda bem.
:*
...viajei contigo neste sentimento,
ResponderExcluire por aí posso ver o tamanho da sua
alma linda!
meu beijo, querido lindo!
Poucas pessoas são eternas. Cazuza é uma delas.
ResponderExcluirOi Franck, como vai?
ResponderExcluirObrigado pela visita, seja smepre bem vindo a participar das discussões.
Muito oportuno o post que você fez. Aqueles que constroem histórias tão singulares precisam de fato, ser lembrados com afeto. ;)
Abraços
Franck
ResponderExcluirAinda bem que
"Tudo o que morre, fica vivo na lembrança"
Beijos muitos
brigada pela visita!!!
ResponderExcluirto aqui te acompanhando :))))
boa quarta-feira, beijos.
Ei! Passando
ResponderExcluirpra desejar uma bela quarta
e deixar
bjins entre sonhos e delírios
eu consegui sentir as suas emoções por ter vivido em época de pessoas geniais que unia a poesia a música e fazia a arte, quando nasci todos os que eu amo já tinha morrido, Cazuza, Bandeira, Jhon lennon não tive o prazer de acompanha-los vivo.
ResponderExcluirgrande abraços amigo
Como tu aguenta tantos comentarios? hehehehe
ResponderExcluirBem, eu tenho um caso meio instavel com musica. Nao sinto a mesma paixao. Acho que minha descrença em fé e espiritualidade me tornou incapaz de ter crença em musica.
Não que eu não goste. LONGE DISSO. Amo de coração e jamais viveria sem. Mas pra mim a letra é quase um detalhe distante. Pra mim é o som que me apaixona. E dae, sim, muita coisa de cazuza me agrada. Repito roboticamente o que ele canta e fico voando nos instrumentos.
Cada um tem o que quer :)
r.i.p poeta
quando eu for a são luis, ire cantar na frente da tua casa "eu to perdido sem pai nem mãe bem na porta da tua casa"
ResponderExcluirbeijos de quem também é macaco de cazuza.
Olá Franck, que belo texto, adorei ler é sobretudo um grande elogio a Cazuza, Bandeira, Jonh Lennon, grandes poetas e grandes músicos. Cazuza é de facto o meu preferido, já passaram 20 anos da sua morte... aínda me parece que foi ontem! O tempo passa, o relógio não para!
ResponderExcluirQuanta saudade de "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul".
Tem um bom fim de semana.
Beijinhos.
PS:Projeto Cazuza
Dentro da Sociedade Viva Cazuza foi criado um espaço destinado a guardar o acervo do poeta e compositor Cazuza, que foi de grande importância no espaço artístico brasileiro e reconhecido além fronteiras.
Com fotos, vídeos, matérias de jornais, todos os CD's e LP's além de curiosidades como roupa do último show, a primeira camisola de bébé, brinquedos, uma cortiça com fotos que pertenciam a seu apartamento, manuscritos originais, máquinas de escrever e posters.
A atmosfera de interesse que cerca este lugar é mágica e a aura e astral de Cazuza contagia a todos que visitam este espaço.
Cazuza é sim poesia viva, mesmo depois de morto suas músicas transmitem uma vibração inigualável!
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